Bolsonaro e Haddad disputam segundo turno das eleições (Foto: Agência Brasil)

A cinco dias da eleição, Jair Bolsonaro (PSL) caiu pela primeira vez no segundo turno.

A oscilação de dois pontos, porém, desautoriza qualquer prognóstico mais favorável a Fernando Haddad (PT), ao menos por enquanto.

O militar ainda mantém larga dianteira sobre o petista, que passou de 41% para 43% dos votos válidos.

O candidato do PSL foi de 59% a 57%. Os sinais, porém, sugerem uma leve mudança de roteiro.

É essa leve mudança que garante fôlego à campanha do ex-prefeito de São Paulo.

Se ainda não preocupa, a combinação de aumento da rejeição e queda na certeza do voto deve estar no radar da equipe de Bolsonaro como um dos elementos para os quais precisa estar atenta.

Em uma semana, o percentual dos que não votariam no deputado federal de jeito nenhum saltou de 35% para 40%. O de Haddad caiu de 47% para 41%.

A diferença, que já foi de 12 pontos, agora é de apenas um.

No segundo turno é assim: qualquer mudança de quadro é acelerada pela natureza da disputa mano a mano, que encurta distâncias num prazo exíguo de tempo.

Embora ainda seja favorito, uma virada não é improvável.

Bolsonaro joga com o relógio. A ausência nos debates e sabatinas é sinal disso. Ele está ganhando a partida a poucos minutos do fim do jogo.

Haddad precisa de um fato novo. E produzir um fato político de relevância a esta altura contra um adeversário que tem se mostrado resiliente depende de um arranjo de elementos difíceis de manipular, sobretudo quando se está atrás no placar.

O que a pesquisa Ibope garante a Haddad e a seus aliados é uma cartada derradeira. O ex-prefeito ainda está em campo à espera de um gesto concreto do PSDB de Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati.

O candidato também segue com os acenos a Ciro Gomes (PDT), cuja volta ao Brasil está prevista para depois de amanhã.

Haverá tempo para algo mais que uma declaração de voto na véspera da eleição? Será suficiente?

Para Haddad, mais importante que o apoio de Ciro neste momento, todavia, seria a entrada de FHC e da ala do tucanato que veta o autoritarismo do ex-capitão da reserva.

Esse seria o fato novo. Uma mobilização democrática pró-Haddad que, caso se efetivasse, teria prosperado mais pelas derrapadas dos aliados bolsonaristas do que pela capacidade do petista de convencer quem quer que seja a se posicionar na campanha.

Marina Silva (Rede), por exemplo, levou duas semanas para se decidir sobre o apoio. Ficou com Haddad, mas com ressalvas. Para o ex-ministro, importa a declaração de voto.

Se, além de Marina, conseguir juntar na foto FHC e Tasso, a coisa muda de figura, ainda que reste pouco tempo.

O petista não teria mais do que 72 horas para impulsionar essa onda. Seria a sua última oportunidade.

O retrato que o Ibope revelou nessa terça foi o mais positivo para Haddad desde o início da disputa no segundo turno.

A bola ainda está com Bolsonaro, é verdade, mas a partida agora passa a prometer um final dramático.

PS.: no Rio, Eduardo Paes (DEM) encostou no ex-juiz Wilson Witzel, do PSC. Considerados apenas os eleitores da capital fluminense, o ex-prefeito carioca foi de 45% no levantamento passado para 52% agora. É uma arrancada e tanto. E Haddad pode se beneficiar dela.

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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