O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro (Tânia Rêgo – Agência Brasil)

Ataques de Jair Bolsonaro (PSL) à China ameaça esfriar uma relação comercial lucrativa que beneficiou ambos os países. A informação é da agência de notícias alemã Reuters, em publicação desta quinta-feira, 25.

Bolsonaro chamou a China, o maior parceiro comercial de Brasil, de “um predador que busca dominar os principais setores de sua economia.” As afirmações foram percebidas como um ataque, e a reportagem levantou que a China investiu US$ 124 bilhões no Brasil desde 2003, principalmente nos setores de petróleo, mineração e energia. E que o governo chinês está disposto a financiar ferrovias, portos e outros projetos de infra-estrutura aqui para acelerar o movimento de seus grãos brasileiros.

Os chineses estão preocupados que, em caso de vitória de Bolsonaro, chamado de “um nacionalista ardente”, o Brasil dificulte as relações econômicas, como Donald Trump fez nos EUA. “Os chineses não estão comprando no Brasil. Eles estão comprando o Brasil ”, advertiu Bolsonaro repetidamente. Para a Reuters, autoridades da China Molybdenum recusaram comentar, mas um executivo de infraestrutura do grupo chinês declarou que seus pontos de vista extremos nos preocupam. “Ele está na defensiva contra a China”, finalizou.

Donald Trump e Xi Jinping

Para tentar selar a paz e discutir a importância do relacionamento bilateral, diplomatas chineses se reuniram com o principal assessor econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, no início de setembro, disse à Reuters, Qu Yuhui, ministro-conselheiro chinês na embaixada em Brasília. A cooperação com o maior país da América Latina, cujos grãos e minerais alimentaram a ascensão da China, tiraram milhões de brasileiros da pobreza, segundo a postagem.

Na semana passada, a Reuters flagrou Qu e outro diplomata chinês entrando nos escritórios do congressista Onyx Lorenzoni (DEM-RS), gerente de campanha do candidato do PSL. “Independentemente da direita ou da esquerda, queremos conversar e promover o bom desenvolvimento das relações China-Brasil, que acreditamos que beneficiam os dois países”, disse Qu.

A matéria finaliza falando sobre o forte contraste entre a posição combativa de Bolsonaro com o resto da América Latina, cujos líderes receberam bem os investimentos chineses, empréstimos e compras de commodities. Isso poderia colocá-lo em desacordo com as poderosas indústrias agrícolas, e de mineração do Brasil – que parece o estar apoiando – e para as quais a China é um cliente indispensável.

Em tempo. Em caso de eleição, a primeira reunião formal de Bolsonaro com os chineses não demorará a acontecer. O Brasil sediará a cúpula dos BRICS em 2019, no qual o presidente chinês, Xi Jinping, deverá participar.

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