Tramita na Câmara dos Deputados projeto de lei que criminaliza a compra e venda de jogos eletrônicos violentos no Brasil. Apresentado em março e com salto de popularidade no início deste mês, a ação chama a atenção por um detalhe curioso: o partido do autor da proposta, Júnior Bozzella (PSL-SP), é destacado defensor da liberação de armas de fogo no Brasil.
O próprio parlamentar, inclusive, já defendeu diversas vezes nas redes decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que flexibilizou a posse de armas no País. “O Cidadão de bem terá o direito de se defender”, disse Bozzella em publicação no Facebook sobre a proposta do presidente.
Em entrevistas recentes, concedidas após o projeto viralizar nas redes e atrair críticas, o deputado tem adotado tom mais “moderado” sobre a proibição de jogos. “Estou propondo um debate”, disse semana passada a uma rádio paulista, negando perseguição aos games.
Fala amena, texto rigoroso
A proposta do parlamentar, no entanto, tem texto bastante rigoroso, sem fazer distinção de idade chegando expressamente a “criminalizar” a importação, a venda, a cessão, a disponibilização e até o empréstimo de jogos eletrônicos com conteúdo considerado inadequado. Até mesmo o desenvolvimento de games do tipo seria criminalizado, segundo o texto do autor.
“A banalização da vida e da violência pela população jovem é advinda pelo convívio constante com jogos eletrônicos violentos (…) conduzindo a formação de cidadãos perturbados e violentos”, diz a justificativa da proposta, que aponta a existência “só de malefícios” no consumo de jogos eletrônicos.
“A presente proposta visa a proibição da comercialização ou disponibilização desse tipo de jogo ou aplicação em nosso país, de modo a diminuir a chance de ocorrência de tragédias como a que observamos recentemente na cidade de Suzano”, diz. “É preciso punir mais severamente quem dissemina a incitação à violência e ao crime”.