Foto: Julio Caesa/O POVO

No processo de escolha do vereador Guilherme Sampaio para presidir o PT em Fortaleza, a forma é tão importante quanto o conteúdo.

Mais votado, o parlamentar tinha simpatia do grupo que apoiou a terceira colocada, Liliane Araujo, cujo bloco anunciaria posicionamento na quinta-feira, 12.

Como disse o deputado estadual Acrísio Sena, que integra esse segmento, para onde o grupo pendesse, ali estaria o vencedor da disputa: Guilherme ou o seu adversário,  Raimundo Ângelo, o Raimundinho, que ficou atrás do colega por uma pequena margem de votos.

Raimundinho havia dito um dia antes ao O POVO que a hipótese de abrir mão de sua candidatura em nome de apoio a Guilherme era remota.

Vinte e quatro horas se passaram, e o quadro apontou que a decisão não era tão implausível assim. O que mudou?

O petista talvez desejasse de fato continuar no segundo turno e enfrentar as urnas – mas seus apoiadores, não.

É possível que a tese da candidatura única, de unidade na aparência, tenha nascido exatamente para evitar uma derrota política do grupo com o qual Guilherme se batia então.

Ora, do lado de lá estavam os deputados federais José Guimarães e Luizianne Lins, que já acena com a pré-candidatura ao Paço ano que vem.

De uma tacada só, a construção do “consenso” que ungiu o nome do vereador matou dois coelhos com uma cajadada só: transformou um possível revés nas urnas em uma vitória da articulação política.

E esvaziou a reunião do grupo liderado por Acrísio e José Airton Cirilo, cujo veredito agora não terá mais poder de influenciar os rumos da contenda.

A eleição se resolveu hoje, numa costura de bastidores. E o seu resultado tem muitos reflexos para o PT e para as eleições de 2020.

O principal deles: como Guilherme irá conduzir o processo de escolha do nome do PT que irá concorrer à Prefeitura de Fortaleza ano que vem.

Não custa lembrar que o vereador, um opositor do prefeito Roberto Cláudio (PDT), chegou ao comando da sigla embalado por um forte sentimento de renovação, superando filiados com apoio de medalhões da legenda.

Que fazer agora com esse lastro que o resultado lhe entregou?

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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