O Against Me! acaba de lançar seu novo disco “Shape Shift With Me” e isso vem acompanhado de vários fatores importantes que tornaram a banda uma das interessantes e intensas no mundo da música nos últimos anos.
Já é sabido por todos a história de Laura Jane Grace, líder da banda, que em 2012 se assumiu como uma mulher transgênera e deixou pra trás um passado de muitas dificuldades pessoais sob o nome e o gênero de Tom Gabel.
Laura enfrentou os próprios demônios e transformou toda a mudança no aclamado disco “Transgender Dysphoria Blues” (2014), considerado por vários veículos e também por essa coluna como o melhor do ano e um dos mais importantes da década, tamanha a sinceridade e o peso das letras que descreveram a mudança Tom/Laura em músicas que já entraram pra história.
“Shape Shift With Me” já era esperado antes de ter data marcada para nascer, pois não deixava de ser a tão complicada tarefa de um “segundo disco”, sétimo na carreira do Against Me!, mas um segundo disco com Laura Jane Grace à frente da banda, dessa vez trazendo muito do que foi seu primeiro ano como mulher.
A excelente, e gritada, abertura “Provision L3”, nome de uma máquina de raio-x, já mostra como Laura resolveu abrir mais uma vez o livro da sua vida pessoal em forma de canções. “12:03” já nasce clássica pesada, falando abertamente sobre relacionamentos e abrindo espaço para um agradecimentos a todas as amizades, talvez as de Laura nesse novo período.
Músicas excelentes como “Boyfriend”, “Delicate”, “Petite & Other Things”, “Dead Rats”, “Suicider Bombs” têm as letras habitualmente fortes, mas um andamento mais cadenciado, o que a princípio pode causar estranheza, mas mostram que Laura prefere o caminho do “não óbvio”, como foi em várias fases da discografia da banda.
“Crash”, uma das melhores do disco, que ganhou um clipe despojado, tem letra que muito se assemelha às questões do disco passado. “333”, o ponto alto do disco, ganhou clipe que questiona bastante as relações (e submissões) atuais na vida de casais e tem o refrão mais forte do disco.
A rápida “Rebecca” traz o vocal rasgado de Laura, todos os instrumentos acelerados e promete ser das melhores ao vivo na atual turnê. Outra que merece grande destaque é “Haunting, Haunted, Haunts” com o conhecido “punk caipira”, que ao longo dos discos da banda foi explorado algumas vezes. Inclusive, fica a dica para aquela busca no youtube, onde os fãs e conhecedores da banda já sabem que Laura adora divulgar versões acústicas, muito bem executadas, das músicas da banda.
Alguns poucos fãs, infelizmente, continuam torcendo o nariz para a atual fase do Against Me!, outros milhares de adeptos chegaram para dar força e voz para uma das grandes bandas da atualidade. Laura se agigantou, se tornou um ícone e mostra que tem muita, mas muita lenha pra queimar. Mais um disco excelente que deve figurar nas listas de final do ano. Mais um disco que fala mais que as próprias músicas.
Vida longa, Laura Jane Grace! Vida longa, Against Me!