hipoteses_sobre_maria_gEstou convencido de que a riqueza do tema mariano é tal que exige do escritor uma espécie de domínio sobre a técnica do mosaico, ao reunir várias peças que, contudo, jamais esgotarão um tema que tem suas raízes no próprio Deus.

Vittorio Messori

[Hipóteses sobre Maria: Fatos, indícios, enigmas. Trad. Ubenai Fleuri. – Aparecida, SP: Editora Santuário, 2008, p. 117]

 Os leitores que acompanham este blog sabem que, aos sábados, sempre escrevo sobre a Virgem Maria, tendo como referência um livro que tenha por tema a Mãe do Redentor. A idéia teve origem num sonho que sempre alimentei, qual seja, de um dia ter uma grande biblioteca mariana. Impulsionado por este objetivo, comecei, há algum tempo, a adquirir obras com vistas à realização do projeto.

Antes de escrever a postagem da semana, tenho sempre que decidir qual livro escolherei para comentar. Esta semana, porém, não precisei escolher. Uma conversa na quarta-feira com minha amiga Dulce Freire – também ela uma grande devota de Nossa Senhora – me forneceu os indícios para o livro que comentaria neste sábado. A dica me foi dada quando Dulce falou que uma das passagens bíblicas que mais a encantam é o episódio das Bodas de Caná. O motivo será explicitado no final do texto.

Vittorio Messori é um leigo italiano que tem se dedicado a escrever sobre assuntos relacionados à Igreja Católica, tendo tido o privilégio, inclusive, de publicar dois trabalhos em parceria com os dois últimos papas, um com João Paulo II e outro com Bento XVI. 

No texto introdutório ao livro comentado hoje, afirma o autor, ao se referir à figura que se propusera abordar, que “todo mês tinha alguma confirmação de que o tema era realmente inexaurível, embora parecesse limitado, exíguo, fundamentado em poucas palavras da Escritura”. Apesar da aparente exiguidade do assunto, conclui o autor: “E, contudo, o meu problema nunca foi a penúria e sim a abundância, a dificuldade de escolher o tema ao qual seria dedicado o próximo escrito, tantas eram as possibilidades e tanto o material acumulado” (p. 13/14).

Que tema é este, que se revelou tão inesgotável? Responde o escritor: “Repito uma vez mais, nas páginas que se seguem, a constatação que foi feita não só pelos teólogos, mas também, e é isso o que mais conta, pelos santos: de Maria nunquam satis, nunca se falará demais sobre Nossa Senhora” (p. 14).

O livro “Hipóteses sobre Maria: Fatos, indícios, enigmas”, conseguiu manter a minha atenção e interesse da primeira à última linha. É um dos livros cuja leitura fiz em menor tempo, apesar de ser um volume de 590 páginas. Nem sempre concordei com o autor, como nas páginas em que ele se refere a outras religiões. Quanto a esse aspecto, ele é declaradamente apologético, o que o levou a tecer comentários com os quais nem sempre estive de acordo. Isso, porém, não diminui o valor da obra, quando se trata do objetivo principal a que se propõe: um relato e análise das aparições de Nossa Senhora ao longo dos séculos, com destaque especial para Lourdes.

Um aspecto particularmente interessante da obra, que merece ser mencionado, são as “coincidências” entre as aparições e alguns fatos da história da humanidade. O autor aponta várias coincidências numéricas que, para quem está atento aos sinais, não poderiam passar despercebidas.  

Por fim, saliente-se que o tema da devoção mariana perpassa a obra do começo ao fim. Para o autor, a devoção à Virgem Maria deve ser, antes de tudo, “Uma devoção fundamentada sobre a meditação do mistério daquela mulher forte que entoou o Magnificat que, com toda a certeza, não é um hino de devocionismo sem fibra. A mulher forte que, em Caná, soube dizer com decisão tranquila (que é, ao se pensar nisso, a síntese do seu papel, o coração da sua missão, aquilo que ela mesma afirma em toda sua aparição): ‘Fazei aquilo que ele vos disser'”(p. 15).

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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