Digitalizar0001Através dos séculos, a sagrada imagem foi submetida a um sem-número de exames e estudos detalhados por pessoas experientes na arte e por cientistas para se determinar se pode existir alguma explicação natural para sua existência. Entretanto, até esta data, todas as investigações, microscopias, exames por raios infravermelhos ou por ampliações fotográficas comprovaram sua origem sobrenatural.

 Francis Johnston

[Jorhnston, Francis. O milagre de Guadalupe. 2ª. ed. Tradução de José Machado Braga. – Aparecida, SP: Ed. Santuário, 2005, p. 147.]

Excepcionalmente, o texto que sempre tenho publicado aos sábados neste blog hoje é postado num horário bem tardio em relação ao que habitualmente tem acontecido. Peço desculpa aos leitores que têm despendido um pouco de seu tempo diário na leitura dos meus textos.

Sábado passado me referi à aparição de Nossa Senhora em Guadalupe, no México, ocorrida em 1531. No texto, descrevi sucintamente o episódio em que a imagem de Nossa Senhora apareceu impressa na tilma desenrolada pelo índio Juan Diego diante do Bispo Zumárraga. O livro hoje comentado, intitulado “O milagre de Guadalupe”, escrito por Francis Johnston, dá continuidade ao tema. Transcrevo, abaixo, o trecho em que o autor narra o episódio da ida de Juan Diego ao palácio do Bispo Zumárraga para levar a ele o sinal que o eclesiástico havia solicitado que o indígena pedisse à Virgem:  

“Excelência” – disse Juan Diego – “obedeci tuas instruções. Logo cedo, nesta manhã, a Virgem Celestial pediu-me que viesse ver-te outra vez. Pedi-lhe o

Juand Diego diante de Nossa Senhora de Guadalupe

Juand Diego diante de Nossa Senhora de Guadalupe

sinal que tu solicitaste e que ela me prometeu dar. Mandou que eu subisse até o topo da colina, onde eu a havia visto antes, para que colhesse as flores que ali cresciam. Eu sabia, muito bem, que lá em cima da colina não era um lugar propício para crescerem flores, especialmente nesta época do ano, mas não duvidei de sua palavra. Quando alcancei o topo, finquei assombrado ao me encontrar rodeado de formosas flores, brilhando, todas, com gotas de orvalho. Apanhei tantas quantas pude e as levei à Senhora. Ela as arrumou com suas próprias mãos e as colocou em seu manto, para que eu pudesse trazê-las a ti. Aqui estão. Contempla-as!” (p. 53).

Dizendo isso, Juan abriu as bordas de sua tilma e as flores, entremeadas com rosas de Castela, caíram no chão como uma cascata, numa abundância de cores e perfumes. Zumárraga observou-as sem poder articular uma palavra. Era o sinal que ele havia pedido à Santíssima Virgem para mostrar-lhe que havia atendido seu pedido, para trazer paz ao país. Cheio de surpresa, levantou seus olhos para a tilma e, nesse instante, apareceu sobre ela uma imagem gloriosa da Mãe de Cristo (p. 53).

Por um momento arrebatador, os olhos de cada pessoa que estava na sala fixaram-se na esplendorosa imagem, como se estivessem contemplando sua aparição. Então, lentamente, puseram-se de joelhos, com admirada veneração. Totalmente perplexo, Juan procurou o objeto da contemplação de todos, para ver o que os havia transtornado daquela maneira e ficou intrigado ao observar uma réplica da rainha Celestial que ele havia visto em Tepeyac (p. 54).

 

Neste episódio são narrados os dois eventos extraordinários das aparições de Guadalupe que atravessariam os séculos. Primeiro, a colheita das rosa de Castela, ocorrida fora da época habitual de seu florescimento. Segundo – e este permaneceria como o fato mais extraordinário – a impressão da imagem de Nossa Senhora na tilma de Juan Diego.

Juan Diego abre a tilma e surge, estampada, a efígie de Nossa Senhora

Juan Diego abre a tilma e surge, estampada, a efígie de Nossa Senhora

Este  último evento tem desafiado um sem número de cientistas a partir da segunda metade do século passado, quando foi identificada refletida na pupila da Virgem estampada na tilma, por um processo de ampliação da imagem, a efígie das pessoas que se encontravam na sala em companhia do Bispo.   

 

Na verdade, embora o exame minucioso da imagem tenha se iniciado na década de 50, já bem antes, em 1929, Alfonso Gonzales, fotógrafo

A imagem de Juan Diego refletida no olho de Nossa Senhora

A imagem de Juan Diego refletida no olho de Nossa Senhora

profissional, havia se surpreendido ao descobrir refletido nos olhos da Virgem o que parecia ser um rosto humano. O fato, porém, foi mantido em segredo.

No dia 29 de maio de 1951, porém, um desenhista de nome J. Carlos Salinas Chávez examinava com uma poderosa lupa uma fotografia ampliada do rosto da sagrada imagem. Quando a lente percorreu a pupila do olho direito, ele se surpreendeu ao encontrar dentro dela as feições e o torso de um homem barbudo. Esse fenômeno chegou ao conhecimento do Arcebispo da Cidade do México, que formou uma comissão especial de investigação. Confirmou-se a descoberta e, no dia 11 de dezembro de 1995, tornou-se pública, juntamente com a revelação de que o rosto que se encontrava na pupila de Nossa Senhora foi identificado com o de Juan Diego através de uma pintura contemporânea (p. 149).

Há outros detalhes muito peculiares da tilma, hoje exposta à visitação pública na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, no México, que deixarei para comentar em outra ocasião. O fato é que a tilma tem permanecido um mistério ainda não totalmente esclarecido, desafiando quantos cientistas têm se aventurado a desvendar-lhes os segredos. A única conclusão plausível, até o momento, parece ser mesmo que Tepeyac foi palco de uma magnífica hierofania, tendo como protagonistas Nossa Senhora e o humilde indígena Juan Diego.  

Para terminar, quero me valer aqui de um lugar comum. Sim, pois é um lugar tão comum alguém dizer “Faço minhas as palavras de…”, mas, por mais que eu tentasse, não encontraria melhores palavras para expressar o meu real sentimento neste momento do que afirmar:

Ao concluir este texto sobre o milagre da impressão da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe na tilma de Juan Diego, milagre este que tem atravessado os séculos desafiando cientistas e pesquisadores das mais diversas áreas, tudo o que posso dizer, fazendo as minhas as palavras de Francis Johnston, é: 

Este livro, que escrevi, em parte, passando por um momento de profunda avaliação pessoal, é um tributo ao poder de apoio que emitem esses braços maternos, aos quais nunca eu consegui expressar a gratidão que sinto (p. 13).

About the Author

Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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