A mariologia supera em muito o simples dado bíblico revelado. Maria de Nazaré não é um simples personagem como Simão Pedro, ou Paulo, ou Maria Madalena. Esses são personagens circunscritos em sua historicidade e, quando vão além dela, fazem-no a partir de uma espécie de exemplaridade de tipo hierárquico-institucional ou espiritual. O caso de Maria vai além. Ela emerge como um personagem arquetípico. Mais ainda: não poucos entendem que ela não é só um personagem do passado, mas que é “contemporânea” de todas as gerações que a sucedem, por aplicar-lhe a mesma imagem que Karl Barth refere a Jesus Cristo.

É preciso perguntar-se a que responde esse sentimento tão profundo que se detecta nos povos, na gente, para com Maria, e não só em épocas passadas, mas também atualmente. Que motivos existem para que milhares e milhares de pessoas acorram a seus santuários, reúnam-se neles para orar, escutar a Palavra, encontrar-se com Jesus eucarístico, experimentar o consolo e ternura de Deus através dela?

José Cristo Rey Garcia Paredes                                           

[Paredes, José Cristo Rey Garcia. Mariologia: síntese bíblica, histórica e sistemática. Tradução de José Joaquim Sobral. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2011, p. 7.]

Um tratado de mariologia Abordando o tema sob três enfoques: bíblico, histórico e sistemático. É essa a proposta de José Cristo Rey García Paredes no livro de sua autoria Mariologia: Síntese bíblica, histórica e sistemática. Quando o folheei pela primeira vez, vi logo que se tratava de uma obra fadada a se tornar referência no estudo da mariologia. Sua leitura posterior me fez ver que não me equivocara ao tirar tal conclusão.   

O autor divide a obra em três partes:

Primeira Parte: Mariologia Bíblica. De mãe de um judeu marginal a “Rainha do Céu”. Cap. I – A mãe de um judeu marginal; Cap. II – A Mãe do Rei dos judeus; Cap. III – A mãe agraciada e crente; Cap. IV – A mãe do Verbo que se fez carne; Cap. V – Maria e as deusas: o contexto religioso da Ásia Menor.

Segunda Parte: Mariologia Histórica. Mariologia estrutural, mariologia dos privilégios. Cap. VI – A nova Eva: Maria, a Igreja; Cap. VII – Maternidade virginal de Maria; Cap. VIII – A Imaculada, a Assunção.

Terceira Parte: Mariologia Sistemática. A primeira de nossa herança. Cap. IX – A chave interpretativa: a verdade sobre Maria; Cap. X – Maternidade transcendente de Maria. Et incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria virgine; Cap. XI – A santidade de Maria, princípio e fim; Cap. XII – Maria é necessária? Sua função salvífica; Cap. XIII – A mulher na plenitude dos tempos.

No final do livro, além de um índice onomástico, que facilita depois a consulta aos autores citados, Paredes oferece, ainda, uma Bibliografia geral assim dividida: I. Textos antigos ou clássicos de mariologia; II. Obras sistemáticas, textos ou manuais; III. Reflexões; IV. Investigação histórica; V. Artigos.

As palavras usadas por José Cristo Rey García Paredes para concluir a Introdução à sua obra são tão belas, que me fizeram pensar: isso é o que eu gostaria também de dizer, caso venha a publicar algum dia um livro sobre Maria:

Ao concluir este livro, reconheço suas limitações. Mas eu estou apaixonado pela mariologia do caminho. Espero que possa ajudar a caminhar. Que tenha talvez o impulso suficiente para suscitar, ao começar este terceiro milênio, uma nova geração de teólogas e teólogos capazes de dizer melhor o que aqui são apenas apontamentos. Também devo confessar uma impressão, que desde o princípio me apanhou de surpresa: quando uma pessoa se põe a pensar em Maria, sente-se levada para cima e para baixo, para a direita e para a esquerda. Tenho a impressão de que, para falar dela, precisei falar com tantos e tantas, de tantos e de tantas, que no final não sei… Ela é todo um símbolo. Ponto de encontro. É inspiração (p. 10).

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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