A Mãe de Deus não necessita mais de sinais para crer, mas ela se torna sinal aos convidados a seguirem Jesus.

Pe. Luís Erlin

[Pe. Luís Erlin. Imitação de Maria: O segredo de sermos agraciados por Deus. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2008, p. 119.]

Caminhar com Maria pelas sendas fé, este é o convite que nos faz o Pe. Luís Erlin no livrinho intitulado Imitação de Maria. Se usei a palavra livrinho para a ele me referir, apresso-me em salientar que o que ele tem de pequeno no tamanho tem de grandioso na mensagem. Uma vez iniciada a leitura, não se consegue mais parar até que se chegue à última página.

Não se engane, porém, o leitor. Não pense que, concluída a leitura, o livrinho poderá ser fechado e posto na prateleira. Isso porque há trechos que merecem ou, mais que isso, exigem ser lidos e relidos, posto que demandem uma ponderada reflexão.

Um dos pressupostos que perpassa o livro do começo ao fim é o de que Deus tem um projeto para cada um de nós, ou seja, não estamos aqui por acaso. Este projeto, vivido integralmente por Maria através do Sim dado por ela a Deus quando da visita do Arcanjo Gabriel, é revelado a cada um de nós por meio de sinais, alguns muito sutis, outros mais explícitos, que Deus vai nos enviando ao longo do itinerário. A propósito, escreve Pe. Erlin:

Os grandes sábios são aqueles que mantêm os olhos e o coração atentos ao mais sutil sinal da presença de Deus em suas vidas. Maria nos ensina a acolher a realidade como Palavra de Deus (p. 22).  

Para o autor, cabe a cada pessoa acolher esse grande projeto que nos está destinado e cumpri-lo fielmente, a exemplo de Maria. Por isso, afirma: Imitar Maria é abrir-se à ação do Espírito; é deixar-se levar pela instrução divina que faz soprar em nossa alma um alento de vida e felicidade; é contrair matrimônio indissolúvel com a Trindade (p. 141).

Ao usar o vocábulo felicidade, porém, nesse contexto, o autor, de forma bastante perspicaz, esclarece o sentido da palavra na perspectiva mariana, a fim de evitar possíveis equívocos:

Em Maria, vemos que a felicidade não é a ausência de dificuldades. Ela não vive dentro de um casulo, longe das mazelas do mundo. Seus olhos e coração estão voltados para Deus. Sua crença a faz caminhar e, ao fazê-lo, percebe que Deus vai realizando seu projeto em sua vida. Maria assim é feliz (p. 67).

O que faz de Maria uma mulher feliz, em que pese as dificuldades por ela enfrentadas ao longo da vida – e não foram poucas, diga-se de passagem -, é a certeza de que cumpre um projeto que somente ela poderia realizar, projeto este ancorado na Vontade de Deus:

Maria experimenta primeiramente o encontro pessoal e transformador com Deus. Sua fé é alicerçada e, a partir daí, torna-se uma mulher forte, guerreira. A convicção de que o Senhor vencerá através dela a faz feliz (p. 67).

É esta a felicidade que todos somos convidados a experimentar, espelhados na experiência de Maria: a felicidade de, uma vez conscientes do projeto que Deus tem para a nossa vida, realizá-lo fielmente, certos de que Ele não nos faltará mesmo nos momentos mais difíceis e vacilantes.

Indispensável, porém, é que estejamos atentos, para que percebamos os sinais quando eles se fizerem notar e assim não deixemos passar as grandes oportunidades que Deus nos dá. Maria é um destes sinais – para algumas pessoas, dentre as quais me incluo, um sinal por demais irresistível para ser desconsiderado ou desprezado.

About the Author

Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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