Não busco nos livros senão o prazer de um honesto passatempo; e nesse estudo não me prendo senão ao que possa desenvolver em mim o conhecimento de mim mesmo e me auxilie a viver e morrer bem, “essa meta para onde deve correr o meu corcel”.

Michel de Montaigne

[Montaigne. Ensaios. – Tradução, prefácio e notas linguísticas e interpretativas de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. Livro Segundo, Cap. X – Dos livros, p. 321.]

Nesta madrugada de 21.12.2012, data tão comentada e sobre a qual a mídia vinha fazendo tanto barulho, excepcionalmente encontro-me acordado desde as três e meia. Viajarei logo mais, motivo pelo qual tive que acordar bem mais cedo. Pois bem, aproveitei a feliz coincidência para registrar algumas palavras no Sincronicidade. Não gostaria de deixar passar em branco a oportunidade, eu, que também tenho cultivado ao longo da vida um certo fascínio pela magia de números e datas. E para registrar esta, nada melhor que iniciar o dia lendo um belo trecho dos Ensaios, do meu estimado Michel de Montaigne, com quem tenho aprendido tanto nos últimos dias.

O trecho aqui citado, de um ensaio do Livro Segundo em que o autor trata de um  tema que tem sido para mim também um dos mais importantes e uma constante ao longo da vida, os livros, fala Montaigne do que ele busca na leitura: subsídios que o auxiliem a viver e morrer bem. De fato, uma nobre meta, a mais nobre, talvez, de todas as metas que alguém poderia eleger como o objetivo de sua existência.

Devo informar que, ao pegar meu exemplar dos Ensaios pouco antes de iniciar este texto, pensei: Vou abrir o livro aleatoriamente. Escolherei um trecho da página em que eu abrir para citar no Sincronicidade, como símbolo desta data tão comentada.

Fiquei maravilhado quando abri exatamente entre as páginas 320 e 321, no início do capítulo Os livros, o qual eu não havia lido ainda. Quando li o parágrafo em que Montaigne fala da meta visada ao buscar os livros, pensei: taí um grande projeto para iniciar hoje, 21.12.2012, data que deve assinalar não um fim, mas o início de uma nova etapa da vida.

Viver é uma dádiva. Façamos disso uma grande e excitante aventura.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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