Se produce la llamada y, sin outro intermediário, sigue el acto de obediencia por parte del que ha sido llamado. La respuesta del discípulo no consiste en una confessión de fe em Jesús, sino en um acto de obediência. ¿Cómo es posible esta sucesión inmediata de llamada y obediência? La razón natural encuentra esto demasiado chocante, tiene que esforzarse en cortar esta sucesión tan brutal; es preciso que algo se haya desarrollado en medio, hay que explicar algo. De cualquier forma que sea, hay que encontrar un elemento de conexión, psicológico o histórico.

Dietrich Bonhoeffer

[Bonhoeffer, Dietrich. El precio de  la gracia, el seguimento. Séptima edición. – Salamanca: Ediciones Sígueme, 2007, p. 27.]

Por tratar de um tema que reputo de muita complexidade e com variadas nuances, sobre o qual venho refletindo e lendo há bastante tempo, dividirei este ensaio em várias partes. Na verdade, muito mais que o tempo dedicado às leituras e reflexões, ele tem ocupado um bom espaço também nas muitas anotações feitas no Diário do Caminho, o relato diário que, há muitos anos, faço da minha jornada interior. Nessa jornada, o assunto de que aqui tratarei tem ocupado o centro de tudo: leituras, reflexões e anotações.

Com frequência tenho recorrido às obras de Santa Teresa de Ávila e Carl Gustav Jung. Da primeira, uma vez que já li sua obra completa, nos dois últimos anos me detive mais em suas cartas, mas também em trechos diversos de suas outras obras, em especial o Livro da Vida e O Castelo Interior. De Jung, o foco maior das minhas leituras tem sido o Livro Vermelho. Ambos têm sido uma grande fonte de inspiração. De fato, muito mais que um respaldo teórico, tenho encontrado nos dois o encorajamento e incentivo indispensáveis para prosseguir nessa difícil jornada. De fato, cada vez que me senti tentado a retroceder ou desistir, um e outro sempre estavam lá, disponíveis e de braços abertos me mostrando, pelo seu exemplo, que o caminho é árduo mas vale o esforço despendido em segui-lo.

Destaco o protagonismo desses dois mestres, mas há um terceiro que tem sido também fonte segura de incentivo para mim. Refiro-me ao teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer. O livro “Resistência e submissão: cartas e anotações escritas na prisão”, adquirido há doze anos, tem sido uma referência permanente. Não canso de admirar sua coragem, determinação e, sobretudo, disponibilidade para defender e viver aquilo em que acreditava e a que dedicara sua vida: seguir a cristo como Mestre.

Concluo, pois, esta parte introdutória ao assunto de que pretendo tratar com mais vagar em outros textos, que irei publicando aos poucos, com uma citação de Bonhoeffer. O tempo de que disponho no momento não me permite escrever hoje tanto quanto eu gostaria, mas, de qualquer maneira, eu não poderia adiar, pelo menos, esta introdução, pois este dia 3 de agosto de 2016 era a data limite que eu tinha dado a mim próprio para fazê-lo. Cito, pois, à guisa de conclusão, um trecho das “Reflexões para o batismo de Dietrich Wilhelm Rüdiger Bethge”, redigido em maio de 1944:

“Nós fomos criados na experiência de nossos pais e avós de que a pessoa pode e deve planejar, construir e dar forma à sua vida por si mesmo, que cada pessoa tem uma obra da sua vida pela qual deve optar e a qual deve e também pode, então, executar com toda a energia” (Bonhoeffer, Dietrich. Resistência e Submissão: cartas e anotações escritas na prisão. Tradução de Nélio Schneider. – São Leopoldo, RS: Sinodal, 2003, p. 395.)

 

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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