Nessa quarta-feira, dia 25 de março, celebra-se a Festa da Anunciação de Nossa Senhora. Esse dia assinala um dos momentos mais importantes da história da salvação. Conforme narrado no primeiro capítulo do Evangelho de Lucas, o anjo Gabriel aproxima-se de Maria e lhe comunica que ela fora escolhida por Deus para ser a Mãe do Redentor. Perplexa, Maria indaga sobre como se fará isso, uma vez que ela não coabita com nenhum homem. Gostaria de citar aqui um belo trecho de um dos escritos de São Bernardo, em que ele, como se estivesse se dirigindo a Maria, diz: “Senhora, o anjo aguarda a vossa resposta; antes, aguardamo-la nós, condenados que somos à morte. Eis, ó mãe nossa, a vós já se oferece o preço da nossa salvação, que será o verbo Divino em vós tornado homem; se vós o aceitardes por filho, imediatamente seremos da morte libertados; o vosso mesmo Senhor, por enamorado que esteja da vossa beleza, ainda assim deseja o vosso consentimento, pelo qual determinou salvar o mundo”. Também Santo Agostinho, num de seus sermões, escreve, referindo-se ao mesmo episódio: “Depressa, Senhora, respondei; não adieis mais ao mundo a salvação, que do vosso consentimento depende”. Depois que o anjo explica que Ela conceberá por obra do Espírito Santo, apesar de toda a perplexidade, Maria responde decididamente: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra”. É muito importante salientar, nesse episódio, o consentimento de Maria. Pelo seu Sim, Maria tornou possível que Deus se fizesse homem e habitasse entre nós. Sempre que reflito sobre esse mistério, fico pensando na grandiosidade do gesto de Maria e no quanto temos a aprender com ele. Para mim fica muito claro que Deus, no plano que tem para cada um de nós, deixa sempre um espaço para o livre-arbítrio. Ele respeita nossa decisão. E, quanto a isso, Maria é o grande modelo a ser seguido. Peçamos-lhe, pois, que, iluminados pelo seu exemplo, possamos discernir os apelos de Deus em nossa vida para que digamos sim sempre que nos sentirmos interpelados.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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