Este livro deverá ser um instrumento para caminharmos espiritualmente, como Igreja, no dia a dia, com Santa Teresa de Jesus. Se alguém cair, ainda é tempo de se levantar e prosseguir a caminhada (…)
Carlos Vargas
[Vargas, Carlos Eduardo de Carvalho. Dia a dia com Santa Teresa de Jesus: Doutora de Ávila e da Igreja. – Ananindeua, PA: Itacaiúnas, 2020, p.164]
No dia 26 de setembro de 1970, São Paulo VI outorgou a Santa Teresa de Jesus o título de Doutora da Igreja. Era a primeira mulher, na Igreja Católica, a ser agraciada com este título, logo a seguir também atribuído a Santa Catarina de Sena. Disso eu já tinha conhecimento desde que comecei a me dedicar ao estudo da vida e obra da santa espanhola, também conhecida como Santa Teresa d’Ávila. Entretanto, a história da outorga desse título começou três anos antes, no dia 15 de outubro de 1967, ocasião em que São Paulo VI propôs, em sua alocução ao Terceiro Congresso Mundial de Apostolado Secular, na Basílica de São Pedro, que, um dia, ambas as santas fossem agraciadas com o título. Desse fato, tomei ciência apenas recentemente ao ler Dia a dia com Santa Teresa de Jesus: Doutora de Ávila e da Igreja”.
Logo na Introdução, o autor informa a que se propôs ao escrever a obra: “Este livro tem uma proposta muito simples: apenas queremos relembrar os fatos que aconteceram na vida de Santa Teresa de Jesus e das pessoas que marcaram a sua trajetória espiritual e, principalmente, as suas fundações carmelitanas (…)”, completando, a seguir: “Acredito que a santidade pode ser atualizada a cada dia” (p. 25).
O livro cumpre, fielmente, o prometido. Ao longo de suas 184 páginas, o autor perfila, dia a dia, fatos acontecidos na vida de Santa Teresa durante os doze meses do ano. É como se o leitor tivesse, diante de si, um calendário que lhe permite caminhar, dia a dia, em companhia de Santa Teresa, partilhando fatos de sua vida, dos mais extraordinários aos mais corriqueiros. Mas, além de relembrar fatos da vida da santa avilesa, o livro cumpre duas outras importantes funções: uma, espiritual, e, a outra, histórica.
A primeira é explicitada nas seguintes palavras do autor: “Sem esgotar o calendário teresiano, desejo que esses fatos curtos ajudem a tornar Santa Teresa de Jesus mais conhecida para que sua espiritualidade, testemunhada pelas monjas, freis e seculares, possa beneficiar cada vez mais a Igreja e o mundo inteiro. Lendo este livro, nos tornamos mais próximos dela, de São João da Cruz, Padre Jerônimo Gracián, Madre Maria de São José e tantas outras referências dentro e fora do Carmelo que marcaram a vida dessa Santa, “Filha da Igreja”. Você também pode observar as datas na sua vida e ver como Deus também esteve presente naquilo que aconteceu” (p. 164).
Quanto à outra, histórica, é patenteada no seguinte trecho: “Ao escrever este livro, pensei também nas redes sociais e nas pessoas que atualizam datas teresianas em páginas da internet. Observar o fato de cada dia nos convida a aprender um pouco mais sobre o Carmelo. Espero que essa obra ajude tanto quem quer rezar com Santa Teresa de Jesus, como aquela pessoa que procura uma referência em seus estudos, verificando datas e acontecimentos” (p. 164).
Vale salientar uma particularidade que, creio, confere à obra um valor especial. Refiro-me ao fato de seu autor ser um leigo, casado e pai de família. Esse aspecto faz sobressair a importância crescente do leigo na Igreja, como muito bem evidencia Frei Everton Berny Machado, OCD, ao escrever, na Apresentação: “É encantador perceber, no Carlos Vargas, o seu entusiasmo pelo Carmelo. Já deixou plasmado, em outras obras, a sua competência em divulgar a espiritualidade carmelitana de forma simples e acessível a todos os leitores. O mais fascinante, para mim, é contemplar como o Carmelo Secular tem assumido o protagonismo na divulgação e expansão desse carisma em nosso país. Esse dinamismo manifesta a vivacidade da nossa família, que tem reconhecido o legítimo protagonismo dos leigos na vivência eclesial” (p.9).
Desde que soube da perspectiva de lançamento desse livro – escrito como homenagem aos cinquenta anos da proclamação de Santa Teresa, Doutora da Igreja -, aguardei-o com muita expectativa. Tão logo soube que já estava disponível, tratei de encomendar ao autor dois exemplares, um para mim e, outro, para presentear a um casal de amigos que estão se iniciando nas maravilhas do universo teresiano. Como já disse anteriormente, o livro percorre os doze meses do ano, mostrando a cada dia um ou mais fatos da vida de Santa Teresa ou a ela relacionados. Cada mês é aberto por uma bela fotografia e uma citação de um trecho de suas obras.
Frei Patrício Sciadini, OCD, foi muito feliz ao escrever, no Prefácio: “A banalidade da vida, como um encontro com uma pessoa ou o quebrar um braço, como aconteceu com Santa Teresa de Jesus, tudo assume um valor infinito se é oferecido a Deus como resposta ao seu amor” (p.12). E sintetiza, mais adiante, em inspiradas e concisas palavras, o que a leitura da obra proporcionará ao leitor que se debruçar sobre suas páginas: “Numa sociedade cada dia mais sofisticada e complicada, este livro é um convite a voltarmos à vida diária que se vive na simplicidade e sem tanta diplomacia, mas, sim, com a fluidez de um respiro e da escuta de uma doce partitura musical que relaxa o corpo e o espírito, sem futilidade, mas alimentando o nosso espírito” (p. 15).
O autor, Carlos Eduardo de Carvalho Vargas, é Mestre em Filosofia (PUC-PR). Servidor público, também atuou, como professor, em diversos cursos nas Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba. Casado e pai de dois filhos, é Ministro da Eucaristia (MESC) e carmelita descalço secular, da Comunidade Santa Teresa de Jesus, tendo sido eleito, neste triênio, presidente da Província Nossa Senhora do Carmo (OCDS). É, também, membro da Academia Brasileira de Hagiologia, onde ocupa a cadeira nº 30, cujo patrono é Frei João Pedro de Sexto São João.
Resta dizer, à guisa de conclusão, que Dia a dia com Santa Teresa de Jesus: Doutora de Ávila e da Igreja, é um verdadeiro regalo, tanto para quem já conhece a vida e obra da santa, quanto para os que estão se iniciando nelas.
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