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14. O que aprendi com os Mestres

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Vasco Arruda

A obra de Rainer Maria Rilke capturou a imaginação de músicos, filósofos, artistas, escritores e amantes da poesia, e estendeu o alcance da poesia a pessoas raramente interessadas em elocuções humanas versificadas. Marlene Dietrich, Martin Heidegger e Warren Zevon recitavam de cor poemas de Rilke. Essa capacidade das palavras de Rilke de tocar de pessoas tão diferentes como se cada palavra tivesse sido escrita só para elas, à parte sua estima entre colegas poetas e acadêmicos, confere à sua poesia a força que ela tem e impediu sua obra de se tornar um mero artefato da civilização que Hegel foi o primeiro a chamar de Velha Europa. O poder dos escritos de Rilke resulta de sua habilidade em entrelaçar a descrição de objetos cotidianos, sentimentos minuciosos, pequenos gestos e coisas desprezadas – aquilo que constitui o mundo para cada um de nós – com temas transcendentes. Ao entrelaçar o cotidiano e o transcendente, Rilke insinua em sua poesia – e explica minuciosamente em suas cartas – que a chave para os segredos de nossa existência pode ser encontrada bem diante de nossos olhos. Essa insinuação não é domínio exclusivo da obra poética de Rilke, que abrange 11 coletâneas publicadas antes de sua morte, em 1926, e um grande número de poemas publicados postumamente. Ele foi um epistológrafo prodigioso, e em sua correspondência espantosamente vasta Rilke se solta das coerções do verso alemão para produzir reflexões contundentes e acessíveis sobre um amplo espectro de tópicos.
Ulrich Baer
[Baer, Ulrich. Introdução a Rilke, Rainer Maria. Cartas do poeta sobre a vida: a sabedoria de Rilke. Organização Ulrich Baer; tradução Milton Camargo Mota. – São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 10. – (Coleção Prosa)]

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Vasco Arruda

Não herdamos a sabedoria, temos de encontrá-la por nós mesmos após a travessia do árido e imenso vazio, na qual ninguém pode fazer nada por nós, da qual ninguém pode nos poupar, pois nossa sabedoria é o ponto de vista a partir do qual, finalmente, passamos a enxergar o mundo.
Marcel Proust (1871-1922)
[1001 pérolas de sabedoria budista: ideias que iluminam e trazem paz interior / selecionadas por The Buddhist Society; [tradução Clara Alain]. São Paulo: Publifolha, 2007; Sabedoria, 222.]

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Vasco Arruda

Nossa! Que ansiedade! Que pressa! Que afobação! Não queira colocar a carroça na frente dos cavalos. Calma! O mundo não vai acabar amanhã. O tempo é eterno para todos nós! Tudo de bom está reservado para você, mas tem de esperar, ser perseverante, dar tempo ao tempo… Enfim, não desista; aguarde! Contudo, algumas situações deverão ser resolvidas antes que possa concluir o que almeja. O melhor a fazer é ocupar-se com outras coisas. Confie no destino e em você!
Nei Naiff
[Naiff, Nei. Consulte o Tarô: direcione sua vida para o sucesso. – São Paulo: Elevação, 2003 p. 127.]

Vasco Arruda

A expressão da bondade fundamental está sempre ligada à benevolência – não uma benevolência morna, débil, água-com-açúcar, mas uma benevolência íntegra, animada, uma benevolência de quem tem ombros e cabeça aprumados. A benevolência, nesse sentido, provém da experiência da não-dúvida, da ausência de dúvida. Ser livre de dúvida nada tem a ver com aceitar a validade de uma filosofia ou de um conceito. Não se trata de converter-se ou submeter-se a uma cruzada até já não se ter qualquer dúvida sobre as próprias crenças. Não estamos falando de pessoas que nunca têm dúvidas e que fazem proselitismo evangelizador, estando sempre prontas a se sacrificar por uma crença. Não ter dúvida significa confiar no coração, confiar em si mesmo. Não ter dúvida significa ter vivido a experiência de relacionar-se consigo mesmo, a experiência de sincronização entre mente e corpo. Quando a mente e o corpo estão sincronizados, não se tem dúvida.
Chögyam Trungpa
[Trungpa, Chögyam. Shambhala: A Trilha Sagrada do Guerreiro. Tradução de Denise Moreno Pegorim, supervisão, revisão técnica e notas de Lincoln Berkley. São Paulo: Cultrix,1997, p. 54.]

Vasco Arruda

A minha piedade vai toda para aquele que desperta no meio da grande noite patriarcal, convencido de que ainda tem por cima as estrelas de Deus, e de repente se sente em viagem. Proíbo terminantemente que o interroguem, porque sei muito bem que não há resposta que mitigue a sede. Aquele que interroga, o que em primeiro lugar procura é o abismo.
Antoine de Saint-Exupéry
[Saint-Exupéry, Antoine de. Cidadela. Tradução de Ruy Bello. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, p. 15.]