Texto da convidada da Casa Azul, Livia Fontenele

Analista de marketing e perfomance na primeira startup da vida dela, a Agenda Edu 💜, e escreve sobre vida profissional e dicas de marketing digital no blog meninadodigital.com.

 

Trabalhar em startups ou em empresas com forte veia tecnológica é uma experiência tão incrível, que parece que você está viajando para fora do país. Nesses lugares, acho que cerca de 70% das expressões usadas são em inglês e, pra quem está chegando de outras áreas, fica bem difícil de acompanhar. Pra ilustrar, vou contar uma breve historinha (que o povo da área chama de storytelling), mas peço que você heavy user (usuário assíduo) dessas palavras não se ofenda!

Tudo começa quando, em um evento, você encontra o cofounder, ou seja, o cara que criou uma startup, uma empresa pequena com um produto inovador. O moço, então, começa a fazer um discurso sobre o propósito da empresa ou, como ele chama, um pitch. Ao final do evento, ele pede para que os ouvintes que acreditam que têm fit com a startup falarem com ele. Então, o apresentador do evento diz “Quem gostou do propósito da empresa, sentiu uma identificação e acha que seria bacana trabalhar com eles, basta mandar email pra fulano@startuptop.com”.

Você manda o email, afinal desempregada. Dois dias depois, entram em contato com você para marcar um meeting, ou seja, na sexta vocês tem uma reunião. Chega o dia. Na sala de reunião, ele conta que o que mais precisa é que a empresa seja totalmente data-driven e que viu em seu currículo a sua experiência com tomada de decisão através de dados. Ele, então, começa a falar que precisa de um time com fortes skills de análise. Você tem essa habilidade, vai dar certo.

Passam-se algumas semanas, você recebe a notícia: está dentro. É começo do ano e logo quando você chega, acontece o kick off da empresa, o pontapé inicial. O diretor executivo, que todos chamam de CEO, apresenta as metas de cada quarter, são elas que você deve buscar alcançar a cada trimestre.

Começam, então, a apresentar a empresa para você. Comercial, RH, financeiro, desenvolvimento e CS. Não é o jogo que você vê seu irmão jogar, mas o equivalente em inglês para sucesso do cliente. Eles explicam como o trabalho conjunto do costumer sucess, comercial e marketing, o estrangeirismo que você já está mais acostumada, é importante para manter uma taxa saudável de churn, ou seja, a retenção dos clientes. De retenção de clientes, eles passam a falar sobre as 2 formas de aquisição de clientes usadas no comercial, uma é o outbound, o método mais conhecido, chamado também de prospecção (palavra derivada, inclusive, do termo em inglês prospect que significa possíveis clientes). Já o inbound é aquisição focada no digital, na criação de conteúdo realmente útil para o cliente, é a partir desse trabalho que se conquistam os leads, que são muito parecidos com os prospects, pois também são possíveis clientes e ganham esse nome por serem protagonistas no processo de compra.

Você já conheceu todas as áreas de empresa, agora tem uma reunião com o chief marketing officer, CMO, para os íntimos. Chegando lá, o chefe do marketing, começa a explicar a metodologia que eles utilizam na empresa e o que espera para o próximo sprint, ou seja, para o próximo período de 2 a 4 semanas. Ele conta que em um primeiro momento você irá precisar se debruçar em reportsanteriores, analisando com cuidado esses relatórios, pois é preciso encontrar os problemas que possam estar causando perda de possíveis clientesavaliar os gaps e gargalos do pipeline, que nada mais é do que o funil de vendas e o processo de atendimento comercial da empresa. Além da análises, o CMO conta que é preciso melhor o social selling, pois usar as redes sociais para vender, é essencial para o growth e, bom, esse crescimento é basicamente a sua missão na empresa.

Observando o movimento, a head of saleschefe do setor comercial, entra na sala e aproveita para fazer um pedido: “quando for fazer os novos reports, lembra de adicionar o lifetime value, tá certo? É importante que a gente tenha esse valor do quanto o cliente paga durante o tempo que ele passa sendo nosso cliente”. Ela se despede do seu chefe e diz que amanhã às 10h terá uma reunião do boardtodos os sócios irão se reunir para discutir os resultados e metas do ano.

Você já está zonza quando percebe que chegou a hora de ir embora, acabou o expediente. Na volta pra casa, você senta no ônibus e coloca os fones, no meio do funk brasileiro escolhido começa uma parte em inglês e surge uma notificação perguntando sobre seus paqueras, que dizia: “como tão os crushs?”.

O único pensamento possível na sua cabeça é “are u kidding me?”, do dialeto cearense:

tá frescando é?

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