A Casa Azul e nossas startups marcaram presença no Seminário Futura Trends que aconteceu no último dia 10 de agosto, trazendo o tema da Indústria 4.0.  O evento levou ao Teatro Riomar cientistas políticos, econômicos, professores, empreendedores e grandes gestores. Foi uma tarde inteira de reflexão sobre os novos valores da humanidade, sobre a inserção da inteligência artificial no cotidiano e como a inovação tecnológica vem para ficar.

Pedimos para que os representantes da Casa Azul e das startups elegessem os melhores conteúdos dentro do evento.

Luiz Santos, CEO do Urbis, destacou a palestra do professor Subi Rangan como destaque:

“Surpreendentemente, não houve uma exposição sobre as maiores revoluções tecnológicas do mundo, e, sim, uma indagação sobre o quanto estamos preparados, enquanto humanidade, para digerir uma convivência com inteligências não-humanas.”

Já para Lucas Barreto, co-fundador do Urbis, o destaque ficou para o professor Paulo Vicente, da Fundação Dom Cabral, e sua palestra sobre a Revolução Tecnológica:

“Ele tratou das Novas Tecnologias 4.0 e a Transformação Digital, analisando os ciclos de Kondratieff. Esse último aspecto foi o que me gerou mais curiosidade, pois não tinha conhecimento sobre o assunto. É uma teoria antiga com clara aplicação nos dias de hoje.”

Essa não foi somente a opinião do Lucas, a palestra sobre a Revolução Tecnológica foi eleita como o grande destaque para os presentes da Casa Azul e das startups. Diante disso, decidimos fazer um texto especial sobre a mesma. Ele pode ser conferido a seguir, com o conteúdo sendo retirado diretamente da palestra do professor Paulo Vicente.

A Revolução Tecnológica

Os Ciclos de Kondratiev é uma teoria criada pelo economista russo Nikolai Kondratiev e postula que o capitalismo é feito de longos ciclos de recuperação, expansão, esgotamento e crise.

Cada ciclo é caracterizado por novas descobertas tecnológicas que revolucionam aquele período e ditam novos hábitos de uma sociedade, até que esses hábitos atinjam seu esgotamento e a posterior crise. Esse período de crise gera espaço para mais investimento em desenvolvimento e tecnologias de disrupção, que logo ganham o mercado e ditam os próximos hábitos de consumo da sociedade, ou um início de um novo ciclo com sua recuperação e expansão.

Essa ideia poderia ser só uma teoria, se já não tivéssemos 5 ciclos ao qual embasá-la. O primeiro ciclo veio com a primeira revolução industrial e com a mecanização inicial (1770-1820), o segundo com as tecnologias a vapor e as ferrovias (1820-1870), o terceiro com a eletricidade e a engenharia pesada (1870-1930), o quarto com a produção em massa e o fordismo (1930-1970), e o quinto com a telemática (1970-2030?).

Estamos no 5° ciclo e já passamos pelo seu período de recuperação (1980-1990), de expansão (1990-2005) e agora estamos em seu esgotamento, para a vinda ainda da sua crise. Quando esse ciclo irá acabar e qual será a nova revolução tecnológica que se seguirá ainda é incerto, mas especialista podem criar palpites e deduções com base nos principais desafios da sociedade atual e nos investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Seguindo as previsões da cronologia de nosso ciclo atual, teremos um período de crise que se iniciará em 2019-2020, com crises comerciais e em aposentadoria. Essas crises darão espaço para rupturas tecnológicas que se seguiram nos anos seguintes, iniciando um novo ciclo em 2030-2031.

Agora quais serão essas rupturas tecnológicas?

O palpite do professor Paulo Vicente é que elas estejam englobadas em 5 áreas: Indústria 4.0, Transformação Digital, Novas Fontes de Energia, Tecnologia Espacial e Human Enhancement Technologies.

Na Indústria 4.0 podemos citar a robótica como um grande agente dessa transformação. Em processos industriais temos projetos em desenvolvimento ou já em aplicação nas áreas de impressões 3D; Robôs e Cobots Industriais, robôs que interagem com os seres humanos no mesmo ambiente de trabalho; exoesqueletos, estruturas que permitem que humanos levantem grandes pesos; e novas gerações de baterias. Para o setor de logística temos tecnologias como a Mercedes Future Truck 2025, caminhões autônomos que darão mais conforto e tempo para seus motoristas; o Virgin Hyperloop, cápsulas de alta velocidade que são capazes de transportar passageiros de Fortaleza para o Rio de Janeiro em 2 horas e meia de viagem, por exemplo (mais rápido que o avião); além de outras tecnologias como entregas feitas por drones e logística de produtos nas indústrias sendo controlada por robôs.

E a inovação não para por aí, no setor de produtos e serviços temos a agricultura de precisão, com drones e outros equipamentos controlando umidade, nutrientes e demais requisitos nas plantações; a construção civil robotizada, capaz de construir casas a baixo custo em prazos muito curtos; carros com inteligência artificial; e robôs trabalhando em hospitais realizando atividades como a entrega de medicamentos nas salas e consultórios.

Podemos ir mais além e falar do setor da agroindústria de tecnologia, com suas fazendas verticais, que podem funcionar dentro das grandes cidades e perto de quem consome; carnes criadas em laboratórios, sem a necessidade de matar animais; o exemplo do Impossible Burger, carne que imita o gosto e cheiro da carne bovina, mas é feita de vegetais; e ainda robôs que são chefes de cozinha, perfeito para aqueles que não gostam de cozinhar.

Em um primeiro momento toda essa robotização e automação pode gerar rejeição, por substituir o trabalho humano, e assim, teoricamente, diminuir as vagas de empregos. Mas se esse pensamento fosse seguido, avanços como os carros nunca teriam funcionado, pois a sua invenção prejudicou os donos de cavalos da época, assim como veterinários e outros profissionais. Em compensação novos empregos e especialidades surgiram, como o mecânico. Este é um exemplo simples dentre muitos outros que temos de empregos que sumiram com o avanço tecnológico mas de vários outros que surgiram a partir desse. A tendência do mundo é que as pessoas parem de realizar tarefas simples, perigosas ou repetitivas e passem a ocupar cargos que exigem uma maior resolução de problemas, criatividade e gerenciamento.

Passando agora para o setor de transformação digital podemos colocar em ordem cronológica os avanços previstos para os próximos anos. Agora em nossa década estão sendo desenvolvidas tecnologias de Inteligência Artificial Fraca, computadores que não tem raciocínio próprio; enciclopédias virtuais; smart products; big data e realidade aumentada. Para 2030 essas tecnologias provavelmente migrarão para interfaces neurais, caminhos comunicativos diretos entre cérebro e equipamentos externos; professores virtuais; smart companies; e realidade virtual. Na década seguinte essas tecnologias podem gerar Skills Uploadings, carregamento de conhecimentos e habilidades direto para seu cérebro; Smart Cities; e Comunicação Quântica. Os próximos passos ainda são incertos, será que conseguiremos ter inteligência híbrida (homem e máquina)? Inteligência Artificial Forte (computadores que tenham raciocínio próprio)? Computação quântica, ou até mesmo telepresença? Isso só o tempo dirá.

Falando agora de energias renováveis, as que estarão em alta serão a solar, eólica e a de biomassa. Com o tempo as energias alternativas atingirão custos menores do que os combustíveis fósseis, se tornando a melhor opção não só ambiental, mas também de mercado. O Brasil nesse setor apresenta previsões otimistas por ter regiões com grande incidência de radiação solar e ventos fortes, principalmente no nordeste. Falando na energia solar mais especificamente, a tendência é que as barreiras de entrada nesse mercado diminuam, incentivando a microgeração, tendo como consequência o surgimento de mais empregos.

Para a expansão espacial temos avanços que parecem ficção científica. Provavelmente veremos a criação de novos negócios como o turismo espacial, mineração, manufatura e estações de energia solar no espaço. O Brasil apresenta novas previsões otimistas nesse setor, por ter regiões próximas ao equador, ideais para o lançamento de foguetes.

Para as Humans Enhancements Technologies temos avanços que contribuirão para o aumento da longevidade humana, misturando biotecnologia, nanotecnologia e genética. Temos terapias de telômeros, que podem aumentar a longevidade em 24%; nanotecnologias; sistemas que atuam na cura da obesidade; edição genética; e tecnologias de pontos quânticos atuando na medicina.

E não para por aí, a bioimpressão também está avançando, juntamente com a terapia regenerativa utilizando células tronco e a estimulação cerebral profunda, método que utiliza marcapassos cerebrais para enviar impulsos elétricos e tratar transtornos neurológicos. Nos setores de aprimoramento humano temos a já falada interface neural e também lentes de contato biônicas, que utilizam materiais eletrônicos em sua composição, gerando imagens de alta precisão e até em visão infravermelha.

UFA! São muitos avanços não é? Esses exemplos são alguns entre milhares de novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas ao redor do mundo, e que moldarão o futuro de nossa sociedade. Tem uma startup incluída em algum desses setores? Se não tem ainda, é bom ficar de olho nessas tendências.

E aí? O que vocês acharam do conteúdo do Futura Trends? O próximo acontece no ano que vem, até lá muita coisa pode acontecer e algumas perspectivas e temáticas podem apresentar mudanças. E talvez no próximo ano já estaremos vivendo com algumas dessas tecnologias no nosso cotidiano.

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Casa Azul

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