São Paulo – Aos 71 anos, Maria Viegas Napoli muitas vezes não reconhece as próprias filhas. Ela foi diagnosticada com mal de Alzheimer há cinco anos, época em que a capital registrava 494 casos de óbitos provocados pela doença. No fim do ano passado, já eram 939 – um aumento de 90% no período. É o que mostra um levantamento inédito feito pelo Jornal da Tarde com base do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (PRO-AIM)de São Paulo.
O mal de Alzheimer é a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos, dizem os médicos. A partir dessa faixa etária, a chance de desenvolver a doença é de 5% e dobra a cada cinco anos – aos 85 anos, chega a 50%. “A doença faz com que o paciente perca suas funcionalidades e se torne completamente dependente”, diz a geriatra Luciana Pricoli. “Os medicamentos, a fisioterapia e a psicoterapia podem retardar essa perda”, completa.
Os neurônios morrem e, junto com eles, se vão as datas, lembranças e fisionomias – como os contornos dos rostos das filhas de Maria. A perda da capacidade cognitiva, do raciocínio e da linguagem, muitas vezes, é confundida com processos naturais do envelhecimento, daí a dificuldade de um diagnóstico precoce.
Por enquanto, a doença é identificada por meio de sinais clínicos e com a ajuda de testes .Na semana passada, contudo, durante o Congresso Internacional sobre Alzheimer, no Havaí, os especialistas propuseram que o diagnóstico passasse a ser feito por meio de tomografias, antes do surgimento dos sintomas, conforme noticiou o jornal norte-americano New York Times – o que poderia triplicar, segundo os pesquisadores, o número de diagnósticos.
No Brasil, os médicos passaram a estudar a doença mais a fundo em 2001, quando o governo federal começou a oferecer tratamento médico para Alzheimer na rede pública de saúde. No mesmo ano, a Prefeitura de São Paulo criou um protocolo para facilitar o diagnóstico dos pacientes com sinais da doença, um dos fatores que ajudam a explicar o aumento exponencial de casos identificados na cidade. Nos últimos 10 anos, entre 1999 a 2009, a doença passou da 80ª para 21ª posição entre as causas de morte na capital. As informações são do Jornal da Tarde.
AE