Ray Dalio é um bilionário americano, um dos caras mais ricos do planeta, e criador do maior fundo de hedge do mundo, o Bridgewater Associates. Hedge é um tipo de aplicação à qual poucas pessoas têm acesso, pois exige alto investimento. Mas ele está muito preocupado com os rumos que o mundo está tomando. Escreveu um artigo sobre o assunto, publicado na Infomoney, O capitalismo falhou e precisa de uma reforma, no qual afirma o seguinte:
a) As pessoas de diferentes inclinações ideológicas precisam trabalhar em conjunto para refazer a engenharia do sistema capitalista, para que o bolo seja dividido e cresça;
OU
b) teremos um grande conflito e alguma forma de revolução irá causar danos a quase todo mundo.
Falando especificamente dos Estados Unidos, mas cujas palavras podem ser adaptadas a muitos países, ele diz que o “sonho americano” virou uma espécie de pesadelo e que os “excessos do capitalismo” nos EUA criaram problemas sociais bastante graves.
Segundo Dálio, o capitalismo não está funcionando para a maioria dos americanos, pois vem produzindo “espirais de alta” para o que têm (riqueza e oportunidades) e de baixa para quem não têm. Para ele, isso enfraquece os EUA, provocando “ameaças existenciais” ao país.
O bilionário afirma que “a maioria dos capitalistas não sabe dividir e que a maioria dos socialistas não sabe bem como fazer o bolo crescer”. Seria preciso, portanto, diz ele, um acordo que pudesse aproveitar a experiência acumulada em cada um dos lados para se chegar a uma proposta adequada de convivência.
Para mostrar o que ele considera falhas do capitalismo, o investidor aponta a falta de crescimento da renda real dos americanos na última década; diferença de renda entre os mais ricos e a classe média; e uma juventude que ganha menos do que as gerações anteriores. E o que ele considera intolerável: o fato de haver muitas crianças pobres, desnutridas e sem educação formal. Situação, afirma Dalio, que traz consequências negativas para a economia, como produtividade e rendimentos baixos. Dálio aponta ainda a falta de cobertura de saúde para a maioria da população americana. Esses problemas, afirma ele, são um “risco existencial para os Estados Unidos”.
Dalio não é o primeiro nem o único bilionário americano a fazer tais alertas. O problema é que muitos de seus pares negam qualquer perigo e, talvez, só despertem, quando acabar a paciência dos 99% despossuídos, que podem partir para “alguma forma de revolução”.
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Prefiro a social democracia da Europa. É capitalista, existem pobres, mas eles por lá entendem que tem que fazer algo. Crescimento econômico sustentável sem distribuição de renda não se sustenta. A conclusão que chego é que não se trata de um problema do capitalismo propriamente dito, mas das pessoas que estão no comando do modelo. Os europeus não nasceram ricos, passaram fome, foram dizimados por doenças, sofreram com duas grandes guerras e quase se destruíram. Descobriram que a pobreza pode gerar monstros como Hittler e sua Alemanha ariana. Mas no fim de tudo se acharam no mesmo capitalismo mas levando em conta a inclusão social. Não é um modelo perfeito, mas é o mais eficiente na atualidade se tivermos governantes que pensem para a coletividade e não para corporações, partidos políticos e ideologias.
Depois que fica bilionário graças ao capitalismo, vem com essa. É um cara de pau. O capitalismo é cheio de defeitos, mas parece que não conseguiram inventar algo melhor até hoje.