Mayra Pinheiro, Tasso, General Theophilo e Emília Pessoa em caminhada no Centro nessa quinta-feira (Foto: Júlio Caesar/O POVO)

Passado o susto inicial que se seguiu à divulgação dos números da primeira rodada do Ibope para o Governo do Estado que mostra ampla liderança de Camilo Santana (PT) sobre os demais candidatos, o que resta à oposição?

Tentar encurtar a distância abissal em relação ao petista ou jogar a toalha? E, se for pra briga, que estratégia usar?

Ou, como já disse o senador tucano Tasso Jereissati, o objetivo desde sempre na disputa no Ceará foi apenas garantir que Camilo não vencesse por “WO” (quando uma equipe é declarada vencedora porque o adversário não compareceu a campo)?

Aos números: além da vantagem de Camilo sobre o General Theophilo (PSDB) na estimulada (64% a 4%) e na espontânea (22% a 1%), a pesquisa, primeira de uma campanha mais curta, também aponta uma dificuldade adicinoal para o tucanato.

Estou falando da rejeição. Mais que o baixo índice de votação, já previsível por se tratar de um desconhecido do cearense, a rejeição ao General é a maior entre todos os postulantes ao Abolição.

É coisa difícil de se entender: embora não o conheça bem, 30% dos eleitores rejeitam o candidato, que aparece empatado com Ailton Lopes (Psol) e apenas um ponto à frente de Francisco Gonzaga (PSTU), recusado por 29% dos consultados.

O desafio do tucano é hercúleo: crescer tirando votos diretos de Camilo, reduzir a rejeição e se tornar conhecido. Tudo isso com pouquíssimo apoio e baixo tempo de exposição na TV e rádio.

Em nota ontem ao O POVO, a presidência do PSDB afirmou que a pesquisa é retrato do momento e que não reflete o que o postulante do partido tem visto nas ruas.

Pode até ser verdade sobre a recepção mais calorosa que o General tem recebido, algo difícil de mensurar numa sondagem. E certamente é correto afirmar que o levantamento, qualquer que seja ele, é uma fração da realidade.

Mas que esse retrato deveria preocupar os tucanos, disso não resta dúvida.

A campanha mal começa. Há tempo ainda pela frente. Camilo parte de um patamar tão alto que dificilmente conseguirá ampliá-lo. O General, de um tão baixo que só a custo poderá cair mais ainda.

O resultado é que, de agora em diante, o petista tende a decrescer e o tucano, a subir. Salvo alguma hecatombe – e, volto a dizer, numa campanha tão curta qualquer fator a causar instabilidade pode ser decisivo -, não haverá tempo suficiente para uma virada.

Exceto se, do dia para a noite, contra todas as expectativas, o General se mostre um fenômeno de votos.

Do contrário, estará cumprindo somente o papel que Tasso lhe atribuiu: o de não permitir um WO.

O que, na prática, não seria bom nem mesmo para um eventual novo mandato de Camilo. Sendo assim, é fundamental que a oposição reúna forças no Estado para cumprir a sua função: oferecer um ponto de vista divergente num cenário em que o governismo não deixa muito espaço para manobras.

Nesse ponto, talvez comecemos a ver os primeiros sinais no debate televisivo para o Governo, a partir da semana que vem. Falo do comportamento do candidato tucano. Para ter alguma sobrevida, o postulante precisará utilizar qualquer oportunidade para atingir o governo no que ele tem de mais fraco.

Caso não faça isso, Camilo vai continuar em ritmo de cruzeiro rumo à reeleição.

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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