O senador eleito Cid Gomes (PDT) começa a buscar papel de protagonista na cena política de Brasília. E vai adotando o estilo que o marcou na trajetória como governador do Ceará, mais que a marca dos episódios que deram a ele visibilidade nacional: os confrontos com Eduardo Cunha, na Câmara, e com petistas, em ato de apoio a Fernando Haddad (PT). Na entrevista publicada nesta segunda-feira, 19, pelo Estado de S.Paulo, ele busca não ser o Cid dos arroubos, dos bate-bocas, mas da conciliação. Embora, às vezes, venha a explosão. O DNA Ferreira Gomes pesa.

Cid Gomes

Cid, no dia do entrevero com petistas. Tenta adotar outro estilo agora. (Fotos: Tatiana Fortes/ O POVO)

Assim sendo, Cid não fecha portas. Nem a Jair Bolsonaro (PSL) nem ao PT. Admite apoiar projetos do governo eleito. E, se discordar, diz que procurará fazê-lo de forma construtiva. E, embora esteja articulando bloco sem o PT, não descarta conversar com o partido.

Porém, o curioso na entrevista é que ele parece ter mais boa vontade com Bolsonaro que com o PT. Mais aberto a se entender pontualmente com o governo que a montar bloco opositor com os petistas. Para o PT ele coloca condições.

Sobre o governo Bolsonaro:

“A despeito das críticas à equipe que está sendo formada, nossa disposição é a de fazer uma oposição preocupada com a melhoria do País. Então se aquilo que a gente entende como melhor para o País vier como proposta do governo, terá nosso pronto apoio. E naquilo que a gente não concordar vamos procurar discordar construtivamente oferecendo alternativas e não simplesmente a velha tradição da oposição brasileira, quer seja PT ou PSDB, de apostar no quanto pior melhor”.

Já quando fala dos petistas:

“Se o PT se afinar com essas ideias, não temos nada contra. Se o PT amadurecer e achar que é razoável sair da posição que lhe é histórica de fazer oposição sistemática, tudo bem, nada a opor”.

E ainda:

“Desde que faça uma revisão, um mea-culpa do seu posicionamento histórico, que é de fazer oposição sistemática quando não são eles o governo”.

Em ambos os casos, Cid deixa a porta aberta. Mas, ela me pareceu mais disponível e convidativa a Bolsonaro que ao partido de Lula.

Com o PT, deixa a brecha, se o partido quiser e se topar rever posições. Com Bolsonaro, a iniciativa de colaborar parte dele.

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Érico Firmo

Colunista de Política e editor do O POVO

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