Courtney Barnnet vem da Austrália, é canhota e toca guitarra sem palheta. Tudo normal, certo? Só que a moça acaba de lançar “Sometimes I sit and think, and sometimes I just sit” (Fev 2015), um disco certeiro, redondo, bem tocado, com aquele “descompromisso” belíssimo nos arranjos e que já é forte concorrente pra cravar lugar em todas as listas tradicionais de “Melhores de 2015”.
Courtney constrói, com letras simples, frases longas numa métrica que de uma forma charmosa quase se atropelam durante as músicas, e se mostra uma ótima contadora de histórias. Histórias com personagens normais, reais e cotidianos com todos os problemas habituais, seja a correria a caminho do trabalho, as dores dos amores ou o questionamento de como seguir a vida.

A australiana consegue andar pelo Rock and Roll, com uma simplicidade suave e atual como as faixas “Elevator Operator“, “Aqua Profunda” e “Nobody Really Cares If You Don’t Go To The Party“; cair no grunge clássico dos anos 90 como “Pedestrian at Best“, o melhor momento do disco que parece ter saído de algum lado B do Nirvana ou do L7; passear por baladas como a bela “Small Poppies“; até chegar nos folks que irão acertar em cheio fãs de bandas como Belle and Sebastian e afins nas faixas “Depreston”,Dead Fox“, e “Debbie Downer“. O disco encerra com o violão de “Boxing Day Blues”, mostrando que o melhor do rock and roll ainda é a simplicidade e a vontade de alguém empunhar uma guitarra, misturar as influências e compor desabafando histórias, parecidas com as de qualquer pessoa, histórias para lembrar dos seus amores, sejam eles secretos ou não, desabafar sobre a rotina do trabalho ou fazer com que alguém do outro lado do mundo se identifique com as suas músicas.