Hoje se vive em todo o país uma terrível crise. Ela perpassa os mais diversos setores da sociedade sem deixar de fora ao menos os três poderes que deveriam ser um tripé de sustentação da nação. As autoridades multiplicam as promessas de resolução destes sérios problemas. São apresentadas de modo convincente, retórico, mas sempre no gerúndio, o que não nos dá exatidão e certeza da concretitude destas ações.

A violência em meio a esta crise torna-se um gigante cada dia mais forte alimentando-se de vidas ceifadas brutal e impiedosamente. O homem carente dos mais básicos valores de respeito à vida de outrem matam indistintamente demonstrando em suas sanguinárias ações uma consciência laxada.

Quem não se comove com a tragédia acontecida na família Belchior? A esposa testemunhou o assassinato de seu cônjuge, Arnaldo Belchior, um homem íntegro e responsável, à porta de sua residência quando vinham dos festejos referentes à Nossa Senhora da Assunção na catedral de nossa capital, há uns dois anos.

Em certa faculdade, também em Fortaleza, uma jovem recebera um telefonema que lhes anunciou o assassinato de seu pai. Havia levado um tiro fatal durante um assalto. Aos prantos saiu da sala mais uma vítima das conseqüências mortais da violência. Ainda na mesma semana pai e filho foram mortos, covardemente, na BR116, após um assalto.

Não existe uma fórmula mágica ou etérea capaz de erradicar ou suplantar o clima de insegurança que se metasta na nação. No entanto, não se pode deixar que o medo nos paralise e nos encerre nas garras afiadas do desespero e do desamor.

Infelizmente muitas emissoras de televisão abusam da exposição da violência vigente. Dedicam-se exclusivamente à cobertura de fatos cruentos. Isto gera cada vez mais, uma sensação generalizada de insegurança. Não critico o fato de noticiar os atos violentos, mas a forma que isto é feito, muitas vezes explorando através das imagens e manchetes sensacionalistas à mera busca de audiência, sem uma real preocupação em sanar o problema

A violência é na verdade, um reflexo exterior da guerra interior que trava muito de nossos contemporâneos por ainda não conhecerem a Paz. É preciso acreditar piamente que esta situação pode mudar e que devemos fazer alguma coisa.

Algo importante é continuar acreditando que o homem, mesmo o violento, pode encontrar o manancial de Paz que habita dentro de si. Outra coisa importante a fazer é zelar pela justiça, para que esta se preste à sua missão de corrigir os que infringem a boa conduta.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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