As sete crônicas de natal – 4

“Dorme em paz, ó Jesus!” é um trecho da canção Noite feliz. Cantada há quase duzentos anos por milhões de pessoas, em várias línguas e em todo o mundo. A canção é belíssima, composição Austríaca, musicada por Franz Gruber. Mas, convenhamos, abstraindo-se do clima piedoso e eufórico do Natal, será que diante da manjedoura poderíamos cantar para o menino-Deus: “Dorme em paz, ó Jesus!”? Vendo-o envolto às palhas, em completa pobreza, baforado pelo hálito de animais, num ambiente fétido seríamos tão insensíveis de desejar àquela criança que dormisse em paz.

Que paz se deseja ao menino Jesus? Seria a paz que se costuma felicitar aos pobres, aos necessitados e moribundos com os quais cruzamos diariamente? É bem verdade que o cotidiano pode, sim, mal acostumar o homem a tratar o mais fraco com indiferença.

E quando o outro se torna um peso morto ante nossos olhos mesmo o espírito natalino é vivenciado de forma superficial. Nesta experiência, ao cantarmos “Dorme em paz, ó Jesus!”, correspondente ao “fique em paz”, materializados nas doações que se faz com freqüência nesta época, não poucas vezes, poderia ser traduzido por, deixe-me em paz, ó Jesus, deixe-me em paz, tu que sofres.

O Natal é envolvido dum clima magnífico de solidariedade e não podemos desperdiçar a oportunidade de se crescer na fé, na esperança e na caridade; de sermos melhores; de ousarmos o amor, de ajudarmos o outro, mas não só nesse período.

Assim, diante da manjedoura do Menino e dos inúmeros pobres que nos cercam poderíamos entoar uma canção que trouxesse esperança e votos de verdadeira Paz, aquela que se manifesta no amor, em todos os meses do ano.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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