Assistindo à pregação do Pe. Fabrício, membro da Comunidade Canção Nova, um trecho de sua fala chamou-me a atenção. O sacerdote desenvolvia as leituras bíblicas no dia em que a Igreja Católica celebrava João Batista, o precursor, um homem que entregou sua vida pela verdade, bem diferente deste que o folclore deu outra roupagem.
Após alguns comentários, o sacerdote, didaticamente passou a explicar a tecnologia touch screen, aquela contida em alguns dispositivos altamente sensíveis ao toque da mão. Arrematando a inspiração, disparou: Nós devemos ser cristãos touch screen, sensíveis ao toque de Deus. Prosseguiu sua homilia com essa comparação fazendo-se muito bem entender pelos fieis e telespectadores, transmitindo da melhor forma a mensagem da liturgia da palavra daquele dia.
Muito bom dar conta de membros da Igreja antenados nas novas tecnologias, que sabem da potência que são estes meios para a transmissão da fé.
Antes de tudo é preciso uma visão positiva da tecnologia, que ela favorece o nosso encontro com Deus e o culto divino. Ou alguém imagina nos dias atuais uma Celebração Eucarística para grande número de fieis sem o uso do microfone¿ Há quem rechace por acaso a ideia de que se reza melhorem uma capela climatizada¿
O padre simplesmente atualizou a mensagem. Assim como fez Jesus ao comparar a Boa Nova com elementos conhecidos de seus coetâneos. É sobre isto que nos falam as parábolas. A vida no campo, a herança, a lei, o templo eram elementos que todos conheciam e Jesus os utilizou magistralmente para falar do Reino de Deus. Paulo, o Apóstolo, seguiu seu exemplo. Inovou ao transmitir a mensagem em cartas e ao utilizá-las como ferramentas de formação para as comunidades cristãs primitivas espalhadas mundo afora. A Igreja avançou atenta às mudanças de época. Não descuidou de atualizar o Evangelho. Que o diga os padres da Igreja, os monges copistas, os religiosos navegadores, os padres inventores.
Passando por várias eras chegamos ao mundo marcado pela revolução tecnológica. A era da rede. O mundo conectou-se e a Igreja não poderia se escusar a entrar nesta dinâmica, afinal, sua barca singra nos mares deste século.
É bem verdade que há muitos ainda resistentes e desconfiados. Veem a Rede com desconfiança, a internet como mais uma invenção. Mas logo – espero – adentrarão este mundo – que Bento XVI denominou Continente Digital – sob pena de mitigarem o anúncio a meios obsoletos . Não dá mais para traçar um plano pastoral como se a Igreja fosse uma instituição rural.
Temos à nossa disposição as tecnovias e por que não utilizá-las com criatividade, beleza e sabedoria¿ Aplicativos, ferramentas, redes sociais e os mais diversos canais de compartilhamento devem também está a serviço da mensagem sempre nova do Evangelho.
Também vale ressalvar que a presença da Igreja no Continente Digital não pode ser amadora. Precisa ser eficaz. Para tanto exige planejamento, investimento, e, sobretudo, testemunhas. Pois o desafio para a Igreja não é o de simplesmente saber utilizar bem as ferramentas disponíveis, mas viver bem em tempos de Rede; levar às pessoas a consciência de que precisam fazer a necessária passagem da Conexão para a Comunhão.
Para produzir frutos neste serviço faz-se necessário uma profunda docilidade e obediência ao Espírito Santo. É preciso ter um coração e uma alma Touch Screen que ao mais leve toque da mão de Deus se põe a executar sua moção.
[…] [08.07.2012] Geração Touch Screen. […]