Já pensou concorrer a uma vaga de emprego com 50 pessoas, entrevistas eliminatórias diárias, ficar na seleção final com mais cinco candidatas e saber o resultado por um programa de rádio? Foi  assim o processo seletivo  do primeiro e único trabalho de Rosa Maria de Sousa, Ecônoma da Arquidiocese de Fortaleza.

Rosinha com parte dos funcionários da Cúria Metropolitana de Fortaleza. Foto: arquivo pessoal.

O ano era 1978. Rosa, mais conhecida como Rosinha, tinha 17 anos e integrava o  Grupo de Jovens CBPCR – Círculo Bíblico da Paróquia Cristo Redentor, que tinha o Padre Caetano Minetti de Tilesse à frente. “Padre Caetano me perguntou se eu gostaria de participar de uma seleção para Secretária na Arquidiocese de Fortaleza, para trabalhar no AARPA – Apoio Arquidiocesano de Pastoral, setor totalmente voltado para a pastoral eclesial”, conta a Ecônoma que topou a empreitada.

“No sábado, quando ouvi meu nome sendo chamado para me apresentar na segunda-feira, foi uma das maiores emoções da minha vida. E assim começou minha missão”, relembra Rosinha que completa 42 anos de serviço na Arquidiocese de Fortaleza. Atualmente tem sob seus cuidados quase dez setores e mais de 100 funcionários. Junto às demais instâncias, em unidade com o Arcebispo, ajuda na  governança das mais de 140 paróquias da Arquidiocese de Fortaleza.

Rosinha aos 17 anos quando começou a trabalhar na Arquidiocese de Fortaleza. Foto: arquivo pessoal.

Rosinha acompanhou as principais transformações de estruturação da Cúria Metropolitana nas últimas quatro décadas. “Até o ano 2000 fiquei responsável pela contabilidade. Depois passei a trabalhar diretamente no setor financeiro. Tínhamos poucos funcionários na Cúria, éramos uns 10, e enfrentávamos algumas dificuldades administrativas. Todo o trabalho era feito manualmente e em máquinas datilográficas”, relata Rosinha.

O ano de 2009 foi um divisor de águas. Rosa Maria passou a sugerir, motivar e capitanear a modernização da Cúria. “Fomos equipando aos poucos, quem sabia mais um pouco, ensinava aos outros e assim fomos passando”, conta. Apenas 4 anos depois conseguiu junto ao arcebispo implantar o sistema operacional THEÒS, especializado em Igreja, introduzindo a instituição no caminho sem volta da digitalização. “No começo foi muito difícil, faltava credibilidade que iria funcionar, então arregacei as mangas, e eu mesma treinava os colegas, passava as informações para as paróquias, até que vencemos o desafio”, celebra.

Em 1985, quando a parte administrativa da Arquidiocese funcionava no subsolo da Catedral de Fortaleza. Foto: arquivo pessoal.

Um novo impulso aconteceu na vida de Rosinha. Aos 50 anos de idade voltou a estudar. “Comecei a ter o conhecimento de como melhorar a gestão administrativa, abri meus olhos para o novo horizonte que eu vislumbrava. Então comecei a falar aos padres sobres as mudanças organizacionais que precisávamos alcançar, e cada dia mais me envolvia no processo de informatização e aprendia novas ferramentas para esse fim”, rememora.

Em fevereiro de 2017, Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques fez o convite para Rosinha assumir o cargo de Ecônoma, depois de seu nome ter sido indicado entre seis outras pessoas, inclusive sacerdotes. “Minha indicação foi aprovada pelos conselhos presbiteral, de consultores e econômico”, diz. Entre as muitas funções do cargo estão os de prestar assessoria ao Arcebispo na condução de assuntos econômicos e financeiros da Cúria e orientar às Paróquias nos assuntos de gerenciamentos administrativos, financeiros e em geral.

Rosinha está há 42 anos em serviço no setor administrativo da Arquidiocese de Fortaleza.

Em seu tempo de trabalho, 17 anos foram diretamente com o arcebispo e cardeal Dom Aloísio Lorscheider. “Aprendi muito com ele, sobre desapego, fé e ter sempre um olhar caridoso para com os menos favorecidos”, testemunha. De Dom José Antonio e do clero tem recebido o apoio para exercer a exigente tarefa de fazer uma administração eclesial voltada para atender novas demandas, sem perder o foco na missão de evangelizar. “Começamos centralizando na Cúria, a contabilidade e o setor de pessoal das nossas paróquias, envolvendo todos os colaboradores, tanto internos como os de paróquias, melhorando suas performances com treinamentos contábeis, financeiro, através de assessorias especializadas em Gestão de Pessoas, com o intuito de fortalecer e preparar nosso quadro de pessoal para o novo momento”, apresenta.

Resoluta, Rosinha conta que a instituição sabe onde quer chegar e como vai chegar. “Tenho que me superar a cada dia, como mulher, gestora, e profissionalmente vivo em busca constante de conhecimento, estudo, faço curso a distância, leio bastante, me sinto inteiramente envolvida nesse processo de mudança. Sei que tenho o respeito e a compreensão dos meus superiores, porque sempre pautei minha vida profissional sustentada na lisura e dedicação”, destaca.

 

“O fato de ser mulher em um ambiente cuja estrutura é muito masculina, nunca foi empecilho para desenvolver e pôr em prática os objetivos constituídos ao longo desses 42 anos de Cúria”, enfatiza Rosinha que ainda diz compreender, agora, sua missão. “Meu trabalho nunca foi um fardo, é sempre algo muito gratificante e que desempenho com muito zelo e amor pela Igreja de Jesus Cristo”, assevera.

Rosinha é Ecônoma da Arquidiocese de Fortaleza. Foto: arquivo pessoal.

Casada e inteiramente dedicada, Rosinha é um exemplo de ternura e firmeza a serviço da evangelização. “Hoje me sinto plena, feliz e muito realizada com tudo que consegui na minha vida. Minha fé sempre foi e será meu porto seguro, porque eu confio que Deus não abandona seus filhos e sei que sou muito amada por Ele e por sua Mãe. E com esta certeza estarei sempre pronta a enfrentar os desafios”, finaliza.

(*) Mulheres de Fé é um especial do Blog Ancoradouro sobre  mulheres que desempenham papel fundamental  na  Igreja.

About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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