Eu sou fascinado pelos escritos do mestre Rubem Alves. Sempre que leio seus livros, acabo me inspirando a escrever.
No momento em que escrevo esse texto, estou me deleitando com a leitura do seu livro intitulado “A alegria de ensinar” e uma de suas crônicas chamada “Ensinar a alegria” me inspirou a falar sobre a alegria e o quanto ela está conectada com a nossa VOCAÇÃO.
Abaixo transcrevo o trecho da crônica que mais gostei. Leia com bastante atenção!
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Reli, faz poucos dias, o livro de Hermann Hesse, O Jogo das Contas de Vidro. Bem ao final, à guisa de conclusão e resumo da estória, está este poeminha de Rückert:
Nossos dias são preciosos
mas com alegria os vemos passando
se no seu lugar encontramos
uma coisa mais preciosa crescendo:
uma planta rara e exótica,
deleite de um coração jardineiro,
uma criança que estamos ensinando,
um livrinho que estamos escrevendo.
Este poema fala de uma estranha alegria, a alegria que se tem diante da coisa triste que é
ver os preciosos dias passando… A alegria está no jardim que se planta, na criança que se ensina, no livrinho que se escreve. Senti que eu mesmo poderia ter escrito essas palavras, pois sou jardineiro, sou professor e escrevo livrinhos.
Imagino que o poeta jamais pensaria em se aposentar. Pois quem deseja se aposentar daquilo que lhe traz alegria? Da alegria não se aposenta… Algumas páginas antes o herói da estória havia declarado que, ao final de sua longa caminhada pelas coisas mais altas do espírito, dentre as quais se destacava a familiaridade com a sublime beleza da música e da literatura, descobria que ensinar era algo que lhe dava prazer igual, e que o prazer era tanto maior quanto mais jovens e mais livres das deformações da deseducação fossem os estudantes.
Rubem Alves
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Hoje em dia, por conta das reformas trabalhistas e possíveis reformas da presidência, muito tem se falado sobre APOSENTADORIA.
Quando se fala sobre isso a maior parte das pessoas morrem de medo de não poderem se aposentar em determinada idade e consequentemente serem obrigadas a trabalhar por mais tempo ainda!
Confesso que fico de certa forma triste ao ver que a maioria esmagadora das pessoas não se sentem plenamente felizes nos seus trabalhos. Essa é a mensagem principal que venho trazer a você através desse texto.
Você se sente feliz no seu trabalho? Seu trabalho lhe traz uma alegria genuína?
Responder a essas perguntas com verdade e sinceridade não é tão simples! O ideal mesmo é meditar sobre isso. Reserve um tempo para pensar sobre isso com muito carinho.
Eu sou apaixonado pelo ENSINO e não consigo me imaginar fora do ramo da Educação. É por essas e outras que amo os livros do Rubem Alves. Eles me ajudam a ser um professor cada vez melhor, um professor que ensina a alegria para os alunos, que é exatamente o título do livro que traz a crônica aqui compartilhada.
Lendo essa crônica não pude deixar de lembrar dos professores que marcaram a minha vida e quero aproveitar esse texto para homenagear um desses professores que lá em 2006 falou uma coisa que jamais sairá da minha memória porque foi lindo e emocionante.
O nome desse figurão é Marcio Soares, professor de História do Ensino Médio na cidade onde moro (Fortaleza).
Ele disse em uma de suas aulas mais ou menos assim: “Eu amo tanto ensinar que se Deus me desse essa graça, a minha morte mais feliz seria dentro da sala de aula. Se pudesse escolher minha morte seria de forma fulminante enquanto estivesse num êxtase ao falar sobre a História…”.
Não sei se ele costuma ler o Rubem Alves, mas garanto que se o Rubem estivesse nessa aula e nesse dia se levantaria e o aplaudiria de pé!
São professores como o Marcio que fazem o ensino se tornar mais bonito, mais instigante, construtor de cidadãos melhores e mais humanos!
Sempre serei grato a ele e vários outros professores que deixaram sua marca registrada para sempre não só na minha memória, mas acima de tudo, na minha formação como ser humano. E que certamente estendem essa marca registrada para centenas ou mesmo milhares de outros alunos!
Que essa breve reflexão seja estendida para você no seu oficio. O meu é o do ensino, através dele me baseio em parte das minhas inspirações!
Leve isso para o seu contexto e saiba que nada supera você amar tanto o que faz ao ponto de que pensar em aposentadoria é algo que nem sequer passa pela sua mente, porque da alegria ninguém se aposenta…
Valeu a dica, adoro Rubem Alves, mas não conheço “A alegria de ensinar”… fiquei curiosa. E a relação dele com o ensino… tudo a ver! Bom texto.