Lendo o maravilhoso livro do filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella chamado “Por que fazemos o que fazemos?”, fiquei refletindo bastante num determinado trecho no qual ele falava sobre o quão é importante a experiência, em amplo sentido. E como ele sempre gosta de fazer, vai até as raízes das palavras para explicar. Transcrevo abaixo esse pequeno trecho para nossa reflexão.
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Perire, em latim, significa “provar”, de onde vem a palavra “perigo”, mas também as palavras “aperitivo” e “experimentar”. Experire é “experimentar”, ou seja, “provar de fora”.
A minha experiência é quando eu provo de fora e olho aquilo. O perigo é aquilo que me prova. Por isso, eu me sei naquilo que saboreio.
Mario Sergio Cortella
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A etimologia da palavra experiência é linda, e pode ser levada para muitos setores diferentes. Quero nesse texto enfatizar mais a questão profissional ok?
Sabemos bem que as empresas sempre valorizam e até pagam melhor os funcionários que tenham experiência comprovada em seus currículos não é mesmo? Com esse texto ficará mais fácil você entender o porquê. Como falei no título: A experiência profissional me torna mais consciente. Essa consciência está ligada ao trabalho feito com capricho, que é outra palavra linda que praticamente tatuei na minha alma a partir das explanações do Cortella em suas palestras.
Ele diz constantemente: “Capricho é fazer o melhor com aquilo que se tem, enquanto não tem condições melhores para fazer melhor ainda…”. Esse é o tipo de frase que dá vontade de emoldurar e pendurar na parede do quarto para ler todos os dias.
Claro que fazer as coisas com capricho é algo para poucos, mas o que é uma verdade é que o capricho só pode vir de pessoas que tenham experiência, ou seja, que provem de fora, com consciência do que estão fazendo, sem automatismos.
A experiência é bem diferente da prova no sentido de perigo, como foi colocado pelo Cortella. Quando ainda não tenho experiência é como se eu fosse jogado frente ao perigo para aprender. É por isso que em quase todas as empresas existe os estagiários ou o período de aprendizagem, no qual se permite errar sem que isso se traduza em danos para si e para os outros. O mesmo se dá com as provas da escola ou faculdade. Há o perigo de tirar nota baixa e reprovar, mas ele pode ser contornado se estudo com dedicação, procurando de fato aprender os conteúdos…
E à medida que vou fazendo algo novo, vou errando, vou quebrando a cara de vez em quando, é aí que eu vou aprendendo e ganhando experiência. É daí que surge esse provar de fora.
Só pra você ter ideia do quanto isso é interessante, amplo e profundo. Enquanto os estagiários estão trabalhando, muitas vezes os outros profissionais, já tendo aprendido mais, sabem que algo feito por eles vai dar problema! Nessa hora, muitos ficam calados, como se nem estivessem observando. E eles erram, se decepcionam, ficam tristes, alguns até choram e pensam em desistir.
Depois que já sabem exatamente quais são os pontos e detalhes que podem incorrer em falhas, ganham segurança no que fazem e dizem internamente: “Por aqui, ali e acolá pode dar errado! O jeito certo é esse…”.
É pelos erros que vamos nos lapidando e nos tornando experientes. Outros exemplos magníficos são quando estamos aprendendo a andar, ou a comer com talheres etc. Nossos pais ou responsáveis ficam vendo a gente cair, se sujar com a comida, jogar com a faca metade do arroz porque não soube cortar a carne com firmeza, e por aí vai.
Todos nós passamos por tudo isso e vamos ganhando experiência e claro, mais CONSCIÊNCIA. Mas parece que quando nos tornamos adultos, essas pequenas vitórias são esquecidas e ficamos pensando: “Mas que besteira! Tudo isso é muito fácil…”. Será que é tão fácil mesmo? Se você fizer um esforço mental de voltar no tempo em que era bem criança vai perceber que aprender a usar garfo e faca não é a coisa mais simplória do mundo.
Quero com toda essa reflexão lhe incentivar a experimentar cada vez mais, sem medo, sem receios, e sem ficar achando que o perigo é grande demais, porque não é! Os perigos que podem ser considerados grandes são somente os que podem por em risco a nossa vida, como esportes radicais sem preparação ou tomar remédios sem prescrições médicas corretas ou algo dessa natureza!
Um ponto muito importante que não foi tocado pelo Cortella nesse texto, mas que pode ser acrescentado é com relação ao JULGAMENTO das outras pessoas ou que fazemos para nós mesmos.
Por milhões de motivos eu amo as crianças, e um dos maiores é que elas experimentam coisas novas sem ficar pensando no que os outros vão achar. Elas dão a cara pra bater como se diz! Mas nós, à medida que vamos crescendo, vamos nos deixando levar pelo medo e pelo olhar julgador dos outros.
É muito importante tocar nessa questão, porque ela é chave para que muitos, principalmente os que tendem a ser PERFECCIONISTAS, possam ter mais coragem para ousar, e assim experimentar mais. E no experimentar mais, se tornem de fato competentes.
Posso até mesmo citar meu exemplo escrevendo para o blog “Para além do agora”. No início eu ficava pensando bastante se os leitores iriam gostar ou não e considerava alguns textos meio fracos ou pouco claros em suas propostas. Tudo não passava de uma voz vinda do meu ego pra me sabotar. Recebia diversas mensagens positivas e só uma ou outra negativa vinda dos leitores e ficava pensando mais nos negativos que nos positivos (esse ego é danado…)!
Hoje eu sei que essas coisas vinham da minha falta de experiência, mas o que quero enfatizar é que continuei escrevendo e escrevendo, e hoje me aperfeiçoei bastante. Transmito as mensagens com muito mais clareza, que veio a partir da experiência, do provar de fora, do olhar com mais consciência…
Portanto! Encare todos os aprendizados ou estágios como processos maravilhosos de crescimento e expansão da sua consciência. É dessa maneira que você se tornará experiente no que quer que se proponha a fazer e em pouco tempo fará tudo com bastante capricho, melhorando sempre para que lá na frente, com mais experiência e recursos você faça melhor ainda, num processo ininterrupto de melhoria pessoal…
Cara,
Não seis e você conhece o trabalho da Nova Acropole.
Procura umas palestras da Lúcia Helena Galvão Maya no youtube falando sobre filosofia.
É EXPETACULAR.
Platão, Hermes Tirmesgisto, Da Vinci, Pitágoras, Textos Taoístas, Obras indianas e contos Zen.
Abs,
Muito obrigado pela sugestão Guilherme. Conheço a Nova Acrópole sim e até já participei de algumas palestras dela na sede em Fortaleza. Mas nunca assisti a nenhum vídeo no youtube. Vou procurar pra assistir sim! Com certeza irei gostar. O trabalho deles é estupendo!
Grande abraço e continue acompanhando os textos do blog!
Sempre acompanhei seus textos. Eles são muito inspiradores.
Este em particular me deixa apreensiva, pois como escolhi uma área muito difícil, mesmo me esforçando e tendo experiências, pode ser que eu tenha que desistir da minha área, por não consegui mais emprego.
Agora irei iniciar o mestrado, nesta mesma área. Ano passado durante a seleção estava muito animada e fiquei muito feliz por ter entrado. Depois de ter tentado 3 vezes. Porém agora fico imaginando que pode ser um tempo e uma energia jogados fora. Realmente não sei muito o que fazer.
Obrigada
Bem! O que posso te dizer nesse caso é que não faça como muita gente que vejo na carreira acadêmica, que se limita apenas ao que estuda e não busca se aprimorar em alguma outra coisa que goste. É fundamental que você esteja com abertura de mente para aproveitar toda e qualquer oportunidade de crescimento estando no mestrado. Acredito que será muito enriquecedor pra você esse mestrado! Agora lembre-se de desenvolver a sabedoria para utilizar o teu tempo de uma forma que seja dividida entre os diversos setores: família, amigos, lazer, espiritualidade, relacionamento amoroso etc.
Isso é fundamental para que possamos ser felizes e equilibrados.
Te desejo tudo de melhor nessa nova empreitada! E pode contar comigo se tiver dúvidas ou incertezas pelo caminho. Pra mim é uma alegria ter esse contato com os leitores. O e-mail pra contato é esse aqui, caso você ainda não saiba: paralemdoagora@gmail.com
Abraço!