“Não ter religião não significa de maneira nenhuma ser ateu. Significa apenas não acreditar nas interpretações religiosas sobre espiritualidade, arrogantes, repressivas, donas de verdades improváveis, que cobram crença sob ameaça de punição, de incorrer na “ira divina”, expressão, a meu ver, ridícula, que atribui um dos piores sentimentos à divindade. É o ser humano projetado na imagem do “ser supremo”.
Espiritualidade acima da média é amorosidade, generosidade, tolerância, respeito, senso de justiça, cooperatividade, além de humildade e espírito de serviço. Intolerância, julgamento, ameaça, irritação, acusação, preconceitos são característica da baixa espiritualidade, do primitivismo religioso, separatista, orgulhoso, atrasado, verdadeira âncora no desenvolvimento da humanidade.”
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Essas palavras do Eduardo Marinho são muito certeiras e profundas, e não poderiam vir em melhor momento. Não só o Brasil, mas o mundo inteiro está passando por uma onda de conservadorismo e autoritarismo preocupantes.
É como se os muitos séculos de progressos e evoluções estivessem sendo jogados pelo ralo por uma minoria que insiste em não aceitar que estamos no século XXI e as coisas não são mais como eram na Idade Média, com uma total submissão ao poder da igreja.
Fico feliz por saber que ao mesmo tempo em que existe essa força tentando nos puxar para trás, há uma força infinitamente maior levando a humanidade pra frente. Há muitos autores e pensadores contribuindo cada um dentro de suas possibilidades para levar às pessoas essa espiritualidade mais voltada para o humano e menos para teorizações vazias.
Uma prova concreta disso é o aumento de pessoas trabalhando de alguma forma com serviços voluntários. E sabe de uma coisa bacana que nem todos param pra pensar? O aumento estrondoso de canais no youtube e podcasts dos mais diversos temas também podem entrar no rol desses serviços voluntários. Não podemos nos iludir quanto à monetização do youtube. Sabemos que só ganha muito dinheiro com os vídeos os canais com milhões e milhões de seguidores e views.
A Psicologia ou mesmo a Física Mecânica nos ensinam das mais diversas maneiras que tudo aquilo que se tenta de forma forçada ser imposto, a tendência é de que haja uma força contrária também de mesma intensidade. O que os conservadores de plantão ainda não atinaram foi para essa verdade praticamente incontestável. Quanto mais se tenta fazer com que os valores cultivados sejam os de séculos atrás, mais vem pessoas escrevendo livros, fazendo vídeos ou editando podcasts levando as pessoas a pensarem e compreenderem que jamais o mundo voltará a ser como era antigamente, isso é absolutamente impossível.
Esses são os valores que cada vez dominarão mais o nosso planeta: amorosidade, generosidade, tolerância, respeito, senso de justiça, cooperatividade, humildade e espírito de serviço.
Algo que venho percebendo ao observar as pessoas no dia a dia e o comportamento nas redes sociais é uma espécie de cansaço. Muitos estão se cansando de viver apegados à mesmice ensinada pelos dogmas religiosos. Cansados de ter que ser o tal do “vencedor” e “matar um leão por dia” para manter a família num padrão de vida elevado. Cansados de acreditar que a felicidade só virá depois de terminar a faculdade, depois de casar, depois de ter filhos, depois disso, depois daquilo…
Como diria o Oswaldo Montenegro, o lema de milhões de pessoas hoje em dia é: “Eu quero ser feliz agora”. E o que ensinam as religiões cristãs, que congregam a imensa maioria dos fiéis no Brasil? “O reino de Deus não é desde mundo, está no céu, no paraíso”. Como assim? Quando Jesus dizia que o reino de Deus não é desse mundo, estava se referindo ao materialismo, ao egoísmo, à arrogância, à prepotência etc. sentimentos e comportamentos típicos dos que estão apegados ao que não engrandece o espírito.
O reino de Deus se chama: viver em plenitude o momento presente, o aqui e agora.
E para viver isso eu não preciso estar preso a uma religião, restringindo a minha consciência, ancorando meu espírito. Não! Eu posso viver esse reino de Deus a partir dessas virtudes já citadas acima! Quero deixar bem claro nesse texto que a espiritualidade e a religiosidade são vias absolutamente distintas. Há pessoas que são espiritualizadas e não frequentam nenhuma religião. Há as que são mega religiosas, mas não vivem na prática esses valores espirituais e há aqueles que unem as duas. E sendo bem sincero, amo e admiro muitas delas. Um dos maiores exemplos é o querido Papa Francisco. Em minha opinião ele é um exemplo perfeito de quem une a religiosidade com essa espiritualidade profunda!
Vamos juntos construir um novo mundo repleto de pessoas livres, felizes e que vivem na pratica esses valores da verdadeira espiritualidade?…
Lindo texto! Além de esclarecedor, atualíssimo!!!
Acredito que quanto mais tentam forçar a espiritualidade e a religiosidade mais se afastam dela. Falam de religião para justificar posturas autoritárias. A verdadeira espiritualidade é atrelada a um senso de respeito e amor pelo o próximo independente de qualquer outra coisa…
Exatamente querida! Isso que você escreveu foi o que mais quis deixar bem claro nesse texto. Não sou contra as religiões, muito pelo contrário, eu amo seus ensinamentos. Venho de uma família e educação de raiz cristã e guardo muito disso comigo. Mas não podemos vendar os olhos para tanta hipocrisia que insiste e rodear as igrejas e muitos dos seus fiéis. Grande abraço!
Olá, Isaías.
Muito boa a reflexão. Religiosidade e espiritualidade não se misturam, não são termos sinônimos e os exemplos que vc deu são cristalinos. Uma das coisas que mais me entristece nas pessoas, em geral, é a falta de coerência – falam uma coisa e fazem outra, completamente diferente. Pregam algo, mas no íntimo agem de forma totalmente contrária. Vida longa ao Papa Francisco, um ser lúcido e coerente, que faz o que pensa e prega.
Grande abraço
Anita
Muito obrigado pelo comentário Anita. Eu sou fã de carteirinha do Papa Francisco. Ele é uma das figuras que mais me enche de esperança nesses tempos tão sombrios que estamos vivendo. Que a gente leve cada vez mais para a prática do dia a dia esses valores da espiritualidade verdadeira.
Abração!