Ambiciosa em conseguir para si uma franquia lucrativa no Cinema tal qual a Marvel, hoje o espelho de todos os grandes estúdios, a Universal anunciou há poucas semanas o início do Dark Universe. Reunindo os monstros clássicos com a qual fez história décadas passadas, as tramas uniriam O Médico e o Monstro, o Homem-Invisível, Drácula, Lobisomem, entre outros, como vilões e protagonistas de seus próprios filmes, unidos em uma mesma realidade.

O início dessa empreitada chega com “A Múmia”, trazendo Tom Cruise no papel de protagonista e agora com uma múmia feminina (Sofia Boutella). Após a princesa Ahmanet sair de seu repouso de cinco mil anos, o mercenário genérico Nick Morton (Cruise), tem que se unir à arqueóloga Jenny Halsey (Annabelle Wallis) para impedir que a monstra consiga trazer Set, o deus da morte egípcio, para a Terra e assim destruir o mundo. Ou algo assim.

Mas a trama revolucionária ainda guarda algumas surpresas. Já ampliando o rol de criaturas do Dark Universe neste primeiro filme, “A Múmia” traz Russell Crowe interpretando Dr. Jekyll. Ele mesmo, de “O Médico e o Monstro”, com sua contraparte, Mr. Hyde. Agindo como conciliador e conhecedor de todas as criaturas, Jekyll é líder de uma organização que reúne dados sobre os monstros e os aprisiona, buscando combater o mal do mundo.

Previsível do primeiro diálogo ao subir dos créditos, o lançamento dessa nova franquia nada faz de diferente em relação às dezenas de outros blockbusters lançados anualmente. Chega a ser cômica a falta de criatividade no desenvolvimento da história e dos personagens. É tudo tão cansado e já visto anteriormente, que nem mesmo o carisma de Cruise consegue salvar seu personagem de ser completamente vazio.

Se produções do gênero tendem a se calcar em cenas de ação grandiosas para conquistar a audiência, “A Múmia” não consegue criar nenhum momento digno de nota. Castigando a audiência com lutas resumidas a socos na cara e arremessos de personagens a grandes distâncias, são decepcionantes as manifestações do poder da múmia. Se nos longas de 1999 e 2001, referenciados aqui em alguns momentos, o monstro convencia em sua maldade e construção de um exército de mortos-vivos, o novo filme cria poucas situações para que as habilidades da criatura sejam exploradas, desperdiçando uma oportunidade de revitalizar a personagem. O design de produção cria, contudo, algumas imagens interessantes, como os quatro olhos de Ahmanet.  

O mesmo não pode ser dito para o visual do Mr.Hyde de Crowe. Resumindo a caracterização do personagem a veias saltantes e olhos amarelados, sua concepção só não é pior que o embate absurdo que inicia com Nick. Sem sentido e sem graça, a cena poderia ser excluída do filme e não faria diferença alguma. Como, de fato, não faz. Aliás, fazer graça é mais uma das tentativas falhas do filme, pois nenhuma das piadas consegue ser eficiente, algo que, é inegável, os filmes da Marvel fazem mesmo depois de tantos exemplares semelhantes.

Se esse é o padrão dos vindouros filmes do Dark Universe, os fãs dos monstros da Universal podem esperar um desserviço completo na caracterização de personagens tão amados. É interessante a concepção de unir os monstros em um universo cinematográfico, mas a forma cansada e sem criatividade com que este primeiro exemplar foi realizado, acaba com qualquer expectativa de que os próximos possam ser bons. Além de não apresentar nada de novo para a lenda da múmia, o filme de Alex Kurtzman apenas se perde no emaranhado de blockbusters esquecíveis que foram e serão lançados ainda em 2017.

Cotação: nota 2/8

Ficha técnica: A Múmia (EUA, 2017). De Alex Kurtzman. Com Tom Cruise, Russell Crowe e Sofia Boutella.

 

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Hamlet Oliveira

Jornalista. Louco por filmes desde que ficava nas locadoras lendo sinopse de filmes de terror. Gasta mais dinheiro com livros do que deve. Atualmente tentando(sem sucesso) se recuperar desse vício.

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