Por João Gabriel Tréz

Na década de 1930, o cinema ainda passava por processos quase experimentais, começando a se estabelecer em termos de linguagem, estética e técnica. Atualmente, as discussões, tentativas e riscos tomados por quem trabalha com a sétima arte não cessaram, mas é visível que, de fato, algumas “táticas” se firmaram, especialmente em relação a um cinema industrial, notadamente presente na indústria norte-americana. Uma das principais apostas recentes dos grandes estúdios de Hollywood é revisitar produtos passados, seja através de reboots (resumidamente, um “reinício” de alguma franquia de sucesso, trazendo novos atores, tramas e abordagens) ou remakes (refilmagens). A onda de nostalgia, que já se provou rentável, ganha mais um exemplo hoje, 8, com a estreia de A Múmia.

O longa original, estrelado por Boris Karloff, grande astro do terror do século XX, foi lançado em 1932 pela Universal Pictures, estúdio que apostou intensamente no universo de monstros a partir dos anos 1930, desde os lançamentos de Drácula e Frankenstein (ambos de 1931), passando por O Homem Invisível (1933), A Noiva de Frankenstein (1935), O Lobisomem (1941) e O Monstro da Lagoa Negra (1954). Aterrorizantes para suas épocas, os filmes alcançaram status de clássicos.

A nova versão de A Múmia, com Tom Cruise como protagonista, faz parte de um projeto da própria Universal Pictures que pega carona em outra aposta comum dos estúdios atualmente: a criação de “universos” interligados em mais de um longa, como no caso dos filmes de super-heróis da Marvel e da DC Comics. A Universal planeja, com o lançamento de hoje, abrir uma nova série de filmes, a “Dark Universe” (“universo sombrio”, em tradução livre), trazendo alguns dos clássicos citados para os dias atuais a partir de novas versões cinematográficas. O próximo projeto da potencial nova franquia previsto para chegar nos cinemas é uma versão atualizada de A Noiva de Frankenstein, que será dirigido por Bill Condon, cineasta responsável, por sua vez, pela versão com atores reais de A Bela e a Fera, um dos grandes sucessos de bilheteria de 2017.

Com os novos tempos e tecnologias modernas, a intenção com a nova leva de filmes de terror é atualizar as tramas, os efeitos especiais e apresentar as histórias dos clássicos às novas gerações. Uma das principais mudanças da versão original para a atual é que, no filme da década de 1930, a múmia era um homem, enquanto no novo longa é uma mulher: a princesa Ahmanet, interpretada pela algeriana Sofia Boutella. No roteiro atualizado, que se divide entre Londres e o Egito, a intenção é fazer com que o público, ao mesmo tempo, se assuste com a raiva e os poderes da múmia, mas possa se identificar com a protagonista, construída como uma personagem injustiçada e oprimida.

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Matéria originalmente publicada no caderno Vida & Arte, do Jornal O POVO.

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Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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