Jessica Jones, Danny Rand, Matt Murdock e Luke Cage bem na sua cara (Foto: Divulgação)

Demorou pouco mais de dois anos para Os Defensores se encontrarem. Resultado da parceria entre Marvel e Netflix, a série estreou com a missão de fazer quatro vigilantes completamente diferentes funcionarem como grupo e resolver os conflitos que se estendem desde a excelente primeira temporada de Demolidor. A expectativa era alta, mas a produção da ABC Studios tropeça em aspectos críticos e é salva, contudo, pela química entre os protagonistas.

Os atormentados Demolidor (Charlie Cox), Jessica Jones (Krysten Ritter), Luke Cage (Mike Colter) e Punho de Ferro (Finn Jones) têm uma missão comum bem menor que a dos Vingadores: salvar Nova York. O primeiro passo é resolver as próprias diferenças e se descobrirem mais fortes juntos, mas até aí são pelo menos três episódios. É tempo demais quando o clima de urgência precisa se impor, o que não ocorre até alguns minutos do finale. Para além do dispensável primeiro episódio, “Worst Behavior” (1×3) e “Royal Dragons” (1×4) apresentam uma série de diálogos repetitivos e plots previsíveis, denotando domínio pobre de uma narrativa maior que vem sendo construída desde abril de 2015. Fez falta o teor psicológico tão presente nas séries de Murdock e Jones.

O texto melhora no decorrer dos episódios, mas se em algum momento personagens como Karen Page (Deborah Ann Woll) e Trish (Rachael Taylor) foram importantes para determinadas narrativas, aqui não fariam falta. É justamente nesse aspecto criativo que a série erra, principalmente ao desperdiçar potencial de vilãs como Alexandra, na pele da sempre ótima Sigourney Weaver, e Elektra. A ninja grega de Élodie Yung, incapaz de passar qualquer emoção, retorna como uma arma viva. Mirou nos heróis e “acertou” na série. Além disso, ficou perceptível, principalmente nas cenas de luta, a falta de expertise para driblar problemas de orçamento. Paciência.

Há de se reconhecer, contudo, algumas boas soluções que os realizadores encontraram. A fotografia, que segue as cores estabelecidas nas séries solo, se destaca logo nos primeiros episódios. Os tons de vermelho (Demolidor), azul (Jessica Jones), laranja (Luke Cage) e verde (Punho de Ferro) reforçam a identidade de cada defensor. A fotografia brinca com detalhes neon e a mistura dessas cores quando os heróis se juntam, além dos tons mais “gelados” quando os membros do Tentáculo estão em cena.

Outro acerto fundamental é a direção que Finn Jones encontrou para seu personagem. Esqueça o mal atuado Danny Rand e as coreografias pavorosas de luta em sua série solo. O Imortal Punho de Ferro se encontrou e não demorou para criar laços com Luke Cage. O nascimento dessa parceria sinaliza que uma temporada de Heróis de Aluguel não seria má ideia e resolveria também a relação entre Colleen Wing (Jessica Henwick) e Misty Knight (Simone Missick) que, ao que tudo indica, começa a traçar seu caminho para virar uma super heroína.

Entre erros e acertos, Os Defensores entrega episódios divertidos, ainda que se sustente na química entre seus heróis. Matt, Jessica, Danny e Luke são ótimos juntos,  mas a série está longe de ser a mais impactante e mais importante dos títulos apresentados até agora pela Marvel e a Netflix. O legado dessa bagunça toda talvez seja justamente as boas possibilidades que a season finale de Os Defensores aponta para um futuro melhor.

Todos os episódios estão disponíveis na Netflix

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

View All Articles