O primeiro vislumbre de Thanos (Josh Brolin) ocorreu na cena pós-créditos de “Vingadores” (2012). Na época, os fãs vibraram com a possível chegada de um dos vilões mais clássicos dos quadrinhos. Com o passar dos anos, outros detalhes do Titã foram sendo jogados, mas nada concreto. Em resumo, pouco se sabia sobre as reais intenções ou personalidade de Thanos. Com a estreia de “Vingadores: Guerra Infinita”, não só a resposta aos foi dada, como o momento simboliza toda a construção do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) até agora.

Por ser um filme de consequências, não há uma introdução clara para espectadores desavisados sobre os fatos que levaram aos acontecimentos do início do longa. Ou seja, é preciso ter acompanhado os eventos dos últimos dois anos de lançamentos da Marvel para poder se situar no contexto onde se passa a história de “Guerra Infinita”. Por mais que essa descrição soe como um defeito, ela, na verdade, mostra a coesão que ocorre dentro dos filmes do MCU. Conhecer a história é preciso, sim, mas ela também é respeitada para que não ocorram um excesso de incoerências.

Aqui, Thanos encontra a nave asgardiana com Thor, Loki e Hulk após os eventos de “Ragnarok”. Junto de seus aliados, a quem chama de “filhos”, o personagem começa uma busca pelas joias do infinito. Como algumas estão na Terra e outras espalhadas pelo universo, as equipes de vilões se dividem para caçar cada artefato. Cabe aos heróis, então, descobrirem uma forma de derrotar o adversário mais poderoso que já passou pelo caminho dos Vingadores.

Assim como ocorre junto aos vilões, os times dos heróis também precisam se fragmentar para conseguirem impedir as múltiplas ameaças. Dirigido com competência pelos irmãos Russo, responsáveis pelos dois últimos filmes do Capitão América, “Guerra Infinita” divide a atenção do espectador nos diferentes núcleos que se formam durante a narrativa. O resultado é coeso, mesmo com o grande número de cortes e transições entre personagens.

Fazendo juz ao título, não há um momento de grande união entre todos os personagens, como era esperado. Cada núcleo tem sua própria batalha e Thanos é um adversário quase onipresente. Mesmo que não esteja em um local fisicamente, a presença de seus “filhos” é mais do que suficiente para provocar o caos que tanto almeja.

Um dos maiores temores dos fãs era de que Thanos, tão antecipado, acabasse sendo mais um vilão genérico da Marvel. Apesar de ser um ser 100% digital, a retratação do personagem é tão bem realizada que é possível esquecer deste detalhe com poucos minutos de projeção. A interpretação de Brolin também garante uma personalidade e leveza inesperadas para o antagonista. Com motivações críveis, é possível entender todos os passos de Thanos. Ele não é um louco que deseja apenas devastar o universo. Suas ações têm sentido e isso se reflete no desenvolvimento de seu arco, o único completo de todos os personagens que surgem no filme.

Como nenhum Vingador possui um grande tempo de tela, os destaques acabam sendo poucos. No entanto, Robert Downey Jr. dá aqui sua melhor interpretação do Homem de Ferro em anos. Um embate protagonizado pelo personagem é um dos momentos mais memoráveis do longa. Thor (Chris Hemsworth) também deixa de lado a personalidade boba de “Ragnarok” e apresentar um Deus do Trovão bem mais compatível com o momento.

Com um final marcante e que abre portas para diversas possibilidades, “Vingadores: Guerra Infinita” é o melhor longa da equipe de heróis e um dos melhores do MCU. Thanos é a prova de que, quando a Marvel quer, consegue produzir antagonistas competentes. Em 2019, o momento atual dos personagens no cinema chegará ao fim. Resta aguardar para descobrir se a espera irá resultar em um épico de qualidade como este.  

P.s: há apenas uma cena pós-créditos e ela é muito importante para o próximo longa.

Cotação: nota 7/ 8
Ficha técnica:
Vingadores: Guerra Infinita (EUA, 2018). De Anthony e Joe Russo. Com Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Chris Pratt, Zoe Saldana.

About the Author

Hamlet Oliveira

Jornalista. Louco por filmes desde que ficava nas locadoras lendo sinopse de filmes de terror. Gasta mais dinheiro com livros do que deve. Atualmente tentando(sem sucesso) se recuperar desse vício.

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