O cearense radicado em Manaus, Diego “DB” Brandão, retorna ao UFC neste sábado, 18, no evento que será realizado em New Jersey, após sofrer duas derrotas por nocaute no primeiro round para Dustin Poirier e Conor McGregor. Focado, o atleta garante que resolveu os problemas que tiraram sua concentração na preparação para as últimas lutas, fez seu camp todo no Brasil e aposta em “grande show” contra Jim Hettes, seu adversário no card que terá como duelo principal Lyoto Machida e Luke Rockhold. Em entrevista ao Blog Clube da Luta, do O POVO, o atleta ainda falou sobre o desejo de revanche contra McGregor, o sonho de lutar no Brasil pelo Ultimate e o plano de ficar mais 20 anos na organização.
Para enfrentar Jim Hettes no UFC New Jersey, Brandão fez seu camp em São Paulo – e não na Jackson MMA, equipe de Jon Jones, onde sempre se preparava para seus combates – para ficar mais perto da família, que vive no Brasil e não tinha conseguido visto para os Estados Unidos. Segundo o lutador, a distância dos familiares, principalmente da sua filha, foi o principal problema que o atrapalhou nas últimas lutas.
“São nove anos morando na América, tudo acontece, acabo refletindo, sou pai da minha família. Às vezes, você precisa dar uma ré na sua vida. Tenho família para cuidar no Brasil, muita coisa na minha cabeça. Viver na América é bom, mas minha filha está crescendo. Vim para cá também por causa que os vistos da minha família foram negados. Quando tirar vou voltar para lá, mas agora com meu time completo”, disse ele em entrevista por telefone.
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A fase ruim serviu de aprendizado para Diego, que garante ter aprendido com as derrotas. “Vinha como campeão do TUF, acho que foi fase. Vejo a vida como montanha russa, uma hora você sobe com aquela adrenalina, depois desce, dá um frio na barriga. Estava passando por isso. O Conor e o Dustin me ensinaram muito. Entendi que precisava estar mais na academia”.
Depois da recuperação mental, Diego focou nos treinos em São Paulo, com o manager Ivan Jatobá, para fazer bonito diante de Hettes. O duelo entre eles deveria ter acontecido em janeiro, no UFC 183, que marcou o retorno de Anderson Silva, mas o americano passou mal antes da pesagem e foi retirado do confronto. “Esse tempo que passou serviu de aprendizado. Agora, estamos preparado para um grande show, mas ao mesmo tempo, não quero só dar show, quero voltar a ser eu mesmo. Estava diferente da cabeça, não conseguia focar nos treinos, mas agora estou firme e forte. Já estou no peso, só esperando a pesagem. Essa luta vai ser o grande dia da minha vida“, ressalta.
Brandão se vê superior a Hettes em todas as áreas e planeja um duelo estratégico para buscar o nocaute. Diego se tornou o primeiro brasileiro campeão do TUF nocauteando todos os adversários dentro da casa. No Ultimate, o cearense não conseguiu mais nocautear nenhum adversário, mas isso pode mudar em New Jersey. “Jim, em pé, é um excelente lutador, muito bom de jiu-jítsu também. Ele é muito explosivo, mas tenho mais pegada no jiu-jítsu, acho que sou mais completo e tenho jiu-jítsu brasileiro. Ele é forte, striker e um pouco lento. Sou mais explosivo e estou muito acima no quesito de quedas. Não vou jogar tudo de uma vez, quando luto assim, luto muito bem, explodo e jogo na hora certa. Meu estilo é sempre nocautear, quero voltar a nocautear ao estilo Diego Brandão. É isso que quero ver, trabalhei por nove semanas para isso. Me imagino esmagando ele”.
Conor McGregor
Diego Brandão foi o único brasileiro a enfrentar o irlandês falastrão, em duelo na Irlanda, . Apesar do brasileiro garantir que o duelo está no passado, o cearense prevê derrota de Conor diante do campeão José Aldo, em junho, e projeta revanche. “Conor já é passado, estou em outra vibe. Sei que perdi para mim, sei do meu potencial. Ele fala muito, mas isso não vai para lugar nenhum, é um palhaço. Entretanto, eu gosto porque é bom para todos nós, divulga o UFC, ele faz dinheiro, eu faço, todo mundo faz. Espero uma revanche na Irlanda novamente ou no Brasil. Ele nunca vai ser campeão, tem muitos caras na frente dele. O Conor vai perder para o Aldo, vai dar uma caída, vou fazer meu trabalho contra o Jim e sairei com a vitória. Estou pensando no futuro, quero ficar mais 20 anos no UFC“.
Brasil
O atleta bateu duas vezes na trave para lutar no Brasil. Escalado para os eventos do Ultimate em Natal e em São Paulo, no ano passado, Diego foi retirado dos cards por causa de problemas envolvendo seus rivais na véspera dos confrontos. O sonho de lutar no país continua para o cearense. “Lutar no Brasil seria muito grande para mim. Alguns atletas preferem lutar fora, por causa da grana, do pagamento em dólar. Fico bem confortável quando luto fora, é um prazer. Mas, gosto mais do Brasil, é outra parada. Têm os gritos de “uh, vai morrer!”.
Fortaleza
Apesar de ter nascido em Fortaleza, Brandão foi criado em Manaus. Foi lá, inclusive, que aprendeu tudo que sabe de luta. “Nasci na cidade de Fortaleza, mas o povo não entende. Era criança, não sabia nem c****. Fui para Manaus com 8 anos, por causa do trabalho do meu pai, que faleceu seis anos depois. Aprendi meu jiu-jítsu todo em Manaus. Tenho prazer de Manaus, porque foi lá que aprendi e me eduquei. Sou grato”, finaliza.
Cartel
Diego Brandão tem 18 vitórias (nove nocautes, cinco finalizações e quatro decisões) e 10 derrotas (seis nocautes, uma finalização e três decisões).
UFC New Jersey: Machida x Rockhold
Prudential Center, Newark, NJ
Card Principal
Médios Lyoto Machida vs. Luke Rockhold
Médios Ronaldo Souza vs. Chris Camozzi
Penas Cub Swanson vs. Max Holloway
Palhas Feminino Felice Herrig vs. Paige VanZant
Card Preliminar
Leves Jim Miller vs. Beneil Dariush
Meio Pesados Ovince St. Preux vs. Patrick Cummins
Meio Pesados Corey Anderson vs. Gian Villante
Galos Takeya Mizugaki vs. Aljamain Sterling
Leves George Sullivan vs. Jim Means
Penas Diego Brandão vs. Jimy Hettes
Médios Eddie Gordon vs. Chris Dempsey