O Paraná é o principal produtor de camomila e de erva mate do país. Segundo o IBGE, o Estado foi o responsável por 87% de toda a produção de erva mate do Brasil em 2018. O plantio e a cultura das ervas têm importância histórica para o Paraná. Foi com a industrialização do mate que o Estado viveu seu primeiro importante ciclo econômico, ainda no século 19, quando era responsável por 85% da economia paranaense da época. Com a união dos produtores de chás e ervas, o segmento pode ganhar mais destaque nacional. Para alavancar esta visibilidade, o Sebrae/PR criou um grupo de estudos, tomando como referência as 239 empresas cadastradas em sua base.
Apesar do bom desempenho dos produtores de chás do Estado, há ainda muitas dificuldades e oportunidades que o grupo poderá ajudar a mapear e a buscar soluções. Segundo a consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel Guimarães, há algumas questões junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que podem ser melhoradas. A única lista de plantas autorizadas pela agência para utilização em chás é de 2005.
“A dor de todos é a mesma. Temos uma legislação restritiva e queremos trabalhar por melhorias nesse e em outros aspectos. O Sebrae faz o convite a todos os micro e pequenos produtores de ervas aromáticas, ervas medicinais e de chás e também aos envolvidos na parte técnica. Há muito potencial nesse setor”, avalia.
Além das questões legais, o grupo pretende aprofundar os estudos das propriedades das ervas e dos blends, palavra que vem do inglês e significa mistura, combinação ou mescla. A farmacêutica Ana Carolina Winkler Heemann, empresária da Heide Indústria de Extratos Vegetais, observa que o ciclo de relevância do chá para a economia do Paraná está acontecendo e tem sido visível e crescente nas prateleiras dos supermercados nos últimos três anos, com a grande oferta de chás prontos para beber.
“Com a união de agricultores, universidades, empresas, teremos mais força para conseguir regulamentar novas ervas e insumos para chás na Anvisa, inclusive espécies nativas que não estão em uso por falta de regulamentação. Às vezes o caminho é simples mas como ninguém conhece como fazer, nada é feito. Como, por exemplo, a regulamentação do uso do coco, que já é consumido na indústria de alimentos mas não tem permissão para uso em chás. Talvez entrar com uma petição seja o suficiente em casos assim”, avalia.
O grupo da cadeia produtiva de chás do Paraná deverá se reunir no dia 8 de novembro, na sede do Sebrae/PR, em Curitiba, para discutir próximos passos e ações para o desenvolvimento do setor.