Siará Hall com fila de dobrar a esquina. Pela ligeira inclinação tendenciosa a uma maioria jovem, podia-se até desconfiar que a atração principal viria do exterior. Mas, os vestidos alinhados, a preocupação com a maquiagem, a disposição das filas de mesas, camarotes e cadeiras denunciavam: seria noite de assistir a um espetáculo de sucessos nacionais.

Casa lotada: sobe ao palco o grupo vocal MPB-4, causando imediato arrepio na plateia com Cio da Terra (Buarque/Nascimento). Em forma, lapidados, Aquiles, Miltinho, Dalmo e Magro passearam pelas pérolas semeadas nesses 45 anos de carreira do grupo, como a versão para Faz Parte do Meu Show (Cazuza/Renato Ladeira). Depois de muitos “causos” contados, era a hora mais esperada: deslizando as primeiras harmonias de Tarde em Itapuã, entrou em cena o cantor, compositor e instrumentista Toquinho.

Homenagens temperaram a apresentação do quinteto: de Vinicius de Moraes (o parceiro mais duradouro de Toquinho) a Chico Buaque; de Paulinho Nogueira a Baden Powell e Tom Jobim. Histórias e risadas no contraponto, com a participação de um “sexto elemento” – Pato Donald cantando Ninguém me ama (Antônio Maria), interpretado por Miltinho.

Casamento perfeito de dois traços paralelos da música brasileira, com elementar admiração de quem testemunhou a segunda metade do século XX, e até de gente mais nova, já do XXI!

Na saideira, a cereja do bolo: Roda Viva (Chico Buarque), com o antológico arranjo vocal do MPB-4, transportou a casa de shows para o Festival Internacional da Canção, de 1967, trazendo de volta a 2010, num súbito apagar de luzes. Todos de pé.

Richell Martins – Jornalista convidado pelo Blog Discografia

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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