Bem antes de se ouvir falar em Ivetes, Cláudia e Timbaladas, o trio elétrico já tinha encontrado uma voz pera seu comando. Quando ainda integrava o time dos Novos Baianos, Moraes Moreira botou seu violão virtuoso e seus sambas e frevos para ferver o chão do Brasil. De lá pra cá, muita coisa passou. Moraes tornou-se um jovem senhor de 63 anos, passa longe daquela figura magrinha dos anos 70 e já acumula 34 anos de experiência. No entanto, o pique, a cabeleira e o bigode ficaram e ele continua sendo garantia de festa em qualquer carnaval. Isso devido em muito à sua admiração pelos criadores do Trio Elétrico, a dupla Dodô e Osmar. Admiração que ele agora registra no livro Sonhos Elétricos (Azougue Editorial). Escrito em capítulos curtinho, prontos pra você devorar em segundos, este segundo livro de Moraes (o primeiro foi A história dos Novos Baianos e outros versos, de 2008) começa falando sobre sua separação da trupe para seguir carreira solo. deixando claro que nenhuma separação acontece totalmente de boa, ele diz que não dava mais pra cuidar de mulher e filhos em meio a uma comunidade hippie. Algo no estilo the dream is over. Daí ele segue narrando sua ligação umbilical com o carnaval. Compositor de clássicos como Vassourinha elétrica, Pombo correio e Bloco do prazer, este bom baiano é e sempre será um clássico nas festas de Momo. Cansado do estilo carnaval pra gringo que tomou conta da bahia, Moraes se afastou e abriu espaço pra essa invasão de artistas com muita animação e pouca imaginação. Recheado de pequenas histórias curiosas e engraçadas, Sonhos Elétricos é leitura obrigatória pra quem se considera de fato um carnavalesco.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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