Por Dilmar Miranda
A escolha se deu considerando suas ressonâncias na história e na estética da MPB do século XX.
1) Baião (1946) de Luís Gonzaga e Humberto Teixeira, gravado pelo grupo vocal cearense Quatro Ases e Um Coringa (Originalmente Quatro Ases e Um Melé). Lançado em plena “Era de Ouro do Rádio”, a canção da dupla Gonzaga/Teixeira surge em pleno período do pós-guerra, quando o país recebia a “invasão” dos ritmos e gêneros latinos como rumba, mambo, guarânia e boleros bem como versões de tais ritmos e gêneros, e a música popular nordestina – “xote, maracatu e baião”- serviu de contraponto e resistência da MPB da época àquela “invasão”. O primeiro verso da canção “Eu vou mostrar pra vocês/como se dança o baião/ desenvolve uma linha melódica obedecendo ao modo mixolídio de origem mourisco-ibérico trazindo pelos colonizadores portugueses, com grande presença, ainda hoje, na música popular nordestina.
2) 78 Rpm, lançado em 1951, por José Menezes e seu conjunto. Lado A: Encabulado, choro de JM e Luís Bittencourt. Lado B: De papo pro ar, baião de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano. O vetererano José Menezes, reconhecido como um dos maiores multi-instrumentistas do país, continuador da arte de outro grande artista dos instrumentos de cordas dedilhadas, Garoto, participou de inúmeros eventos em companhia de grandes nomes da MPB.
4) Mosaico: do violonista Nonato Luiz, gravado na cidade de Colônia, Alemanha, em (1989). É um album autoral de música instrumental de um dos maiores artistas do violão brasileiro, herdeiro da arte de Baden Powell. Eu mesmo testemunhei uma declaração do próprio Baden, após ele assistir a um concerto do Nonato que eu havia produzido no Sesc/Vila Mariana, SP. Baden faz menção ao seu talento como compositor e instrumentista. Além disso, a importância de Nonato Luizse expressa ingualmente nas suas peças compostas para o estudo do violão, a exemplo do Estudo em Lá Maior, faixa 7 do CD