O cearense Oscar Arruda é desses cuja música transporta o ouvinte para muitos ambientes. Cantor, compositor e guitarrista, ele está lançando o climático Revolução, trabalho de estreia financiado a duros custos com o suor do próprio rosto. Apresentado dois anos depois do EP Uni Verso, o disco traz um apanhado de 10 faixas tão cheias de cores e texturas quanto o belo projeto gráfico, de Iara Sales, onde vem encartado.

Revolução, que já vem sendo apresentado em Fortaleza, foi pré-produzido no Ceará e mixado em São Paulo. Com produção e bateria de Felipe Maia e participação de Astronauta Pinguim (teclados), Adelson Viana (piano), Romualdo Filho (baixo) e Estaban Gondim (sopros), o disco tem ecos de uma lisergia setentista, mas com os dois olhos num eletrônico mais contemporâneo.

Considerado como um disco de rock, o som de Revolução está mais para Pink Floyd do que para Chuck Berry. Hei de achar, por exemplo, é uma peça de mais de sete minutos com longos solos de guitarra e muito ruídos. Embora as letras, em alguns momentos, se deixem levar numa onda de clichês, a sonoridade viajante dá um corpo sólido ao disco. Dois destaques ficam para África, uma espécie de manguebeat com dança de roda, e Pra que tanto ódio, com ares de Cidadão Instigado.

Oferecido para download gratuito no site oficial do artista, o disco tem ainda a boa balada Faz um ano, de tom mais acústico, que dá lugar para Quem verá, cujas marteladas na guitarra garantem agressividade na medida. Encerrando com as gotas de chuva de Filhos de Caim, Revolução é montado sobre as experiências pessoais de Oscar Arruda que, apesar das limitações da própria voz, está disposto a ser o porta-voz do próprio talento. Vale conferir.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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