Ao longo ano, novos lançamentos vêm confirmando que são as mulheres quem dominam a MPB. Estreando nesse campo, a potiguar Liz Rosa lançou um disco homônimo onde mostra destreza para driblar bons sambas com cara de gafieira, e sensibilidade para abordar outros estilos. Dona de uma voz limpa e simpática, ela abre espaço para conterrâneos como Khrystal (autora da ótima Dois tempos) e Roberto Taufic e faz boas leituras para sucessos com Coisa feita (João Bosco/ Aldir Blanc/ Paulo Emilio) e Velas içadas (Ivan Lins/ Vitor Martins). Lançado pela Som Livre, o disco Liz Rosa (R$ 14,90) é um apanhado de 13 boas canções que compõem um belo cartão de visitas.

Apesar da grife, Alice Caymmi também é uma estreante na música. Filha de Danilo e neta de Dorival, ela já vem acompanhando o pai em alguns shows para ir calibrando a voz. Por falar em voz, o timbre da moça de 22 anos é quase uma cópia da tia Nana Caymmi. E para o disco de estreia, lançado pela Sony Music (R$ 25,90), ela também trouxe o mesmo clima de canções praieiras já tão conhecida da família. Apesar de boas faixas, como a poderosa Água marinha, a falta de variações do timbre e tom excessivamente pesado acabam deixando o resultado meio cansativo. Mas, a julgar pelo sangue, vale a pena acompanhar Alice.

Anna Ratto conta com outros dois discos de carreira, embora assinados como Anna Luísa. Além de uma nova assinatura, o disco Anna Ratto, lançado pela Bolacha Discos (R$ 20) revela também um novo momento da carioca, com destaque para os tons mais românticos. Dona de um registro singelo, ela dá voz a seis composições próprias, com destaque para Perto-longe. Cercada por uma banda experiente, que inclui Fernando Caneca (guitarra) e Eduardo Souto Neto (piamo), ela ainda resgata duas boas faixas de Tom Zé, o samba/tango Se o caso é chorar e a festiva Frevo.

Mais solto e descompromissado, Será bem vindo qualquer sorriso (R$ 23,90) é o bom novo disco de Bruna Caram. Compositora discreta e intérprete segura, ela tem a veia pop aflorada e viaja sorridente entre as 11 faixas do disco. Não perca o final (Zé Rodrix) é divertida e suingada, assim como Flor do medo (Djavan). Estreando em disco alheio, Mallu Magalhães cede Especialmente criativa, que emenda numa bela leitura de Segredo (Herivelto Martins/Marino Pinto), em dueto com Marina de La Riva. Produzido com esmero por Otavio Moraes, Será bem vindo qualquer sorriso é disco pra ser ouvido com atenção.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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