Mais curioso é saber que, fora daqui, é comum ver que muitos ídolos de mais idade resolveram aproveitar a aposentadoria para se divertirem ao lado dos amigos, dando de ombros para qualquer cobrança por novidades. O maior exemplo disso atualmente é o Eric Clapton. Em seu recente Old sock (“meia velha”, em bom português), o velho blueseiro inglês selecionou 12 canções, aparentemente desconexas, mas que foram importantes para seus marcantes nos 68 anos de vida (completados no último 30 de março).
A julgar pelo chapelão, pelo cenário praiano e pela barba mal feita, é claro que Eric não está mais muito a fim de provar nada a ninguém. Entre reggaes, blues antigos e standards, o guitarrista simplesmente reuniu os amigos no estúdio e criou arranjos ensolarados para cada canção. Ao lado do pianista Taj Mahal, Eric Clapton abre os trabalhos com o reggaezinho Further on down the road que vem seguido do country pop Angel, duetado com J.J. Cale.
Entre os muitos pontos altos de Old Sock, pelo menos dois merecem destaque. Pouco reconhecido no Brasil, o guitarrista Gary Moore (1952 – 2011) teve seu grande hit Still got the blues amansado nas mãos de Eric Clapton. Com uma releitura intimista e melancólica, adornada pelo teclado de Steve Winwood, a faixa ganha uma tristeza de balançar muito marmanjo. No mesmo clima, Our love is here to stay é mais uma pérola dos irmãos Gershwin e encerra o disco com um afago na orelha do ouvinte. Sussurrando a letra apaixonada, o roqueiro se despede e volta para curtir sua aposentadoria. Depois de tantas, bem que ele merece.