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Considerada uma das mais influentes bandas dos anos 1980, os Smiths fizeram uma carreira gloriosa entre 1982 e 1987. Ancorada na poesia cortante de Steven Morrissey e nas melodias arrancadas da guitarra de Johnny Marr, eles emplacaram sucessos, lotaram plateias e deixaram um vácuo quando se separaram de vez, depois de uma sucessão de brigas e processos. Entre outras picuinhas, Morrissey construiu uma robusta carreira solo (que passou pelo Brasil no ano passado) e Marr seguiu como músico contratado de uma série de expoentes contemporâneos, como Pet Shop Boys e Pretenders. Eis que, 26 anos depois da despedida dos Smiths, o guitarrista lança The Messenger, o primeiro disco que assina, de verdade,  como solo. Assumindo guitarra, teclados e vocais, o disco traz referências oitentistas e da sua ex-banda, mas, nem de longe, parece algo saudosista. Pra reafirmar o caráter autoral, o músico de Manchester ainda assina a produção (junto com o músico Doviak) e a autoria das 12 faixas. Com sonoridade e banda enxutas, o guitarrista reafirma sua capacidade de criar boas melodias, riffs vigorosos e climas envolventes. Como cantor, ele surpreende para um iniciante e procura extrair o melhor dos seus recursos. No entanto, logo na faixa de abertura, The right thing right, fica provado que a guitarra é que é a protagonista de The Messenger. Com a voz semelhante à de Bono Vox, esse rock vigoroso parece ser aquela faixa que o U2 deixou de compor. Claro que também seria inevitável ter composições que lembrassem os Smiths. Lembrando que Marr era o único parceiro de Morrissey na banda. E aí entram I want the heartbeat e European me. Mas, como dito anteriormente, a tônica de The Messenger não é revisionista ou saudosista. Revirando o brainstorming se entende como indie, Johnny Marr dá um passo atrás, para dar dois à frente. Como em Upstarts, repleta de guitarras sujas e sobrepostas, ou em Generate! Generate!, acelerada, martelada e simples. É claro que muitos vão procurar no disco mensagens cifradas, endereçadas aos velhos companheiros dos Smiths. A faixa The messenger, por exemplo, poderia ser feita para Morrissey, que volta e meia se envolve em declarações polêmicas. Mas, polêmicas à parte, a estreia solo de Johnny Marr diz mais sobre sua música do que sobre seu passado. Em forma aos 49 nos, o guitarrista se mostra tão afiado quanto há 30 anos.

Conheça as faixas de The Messenger:

1. The Right Thing Right
2. I Want The Heartbeat
3. European Me
4. Upstarts
5. Lockdown
6. The Messenger
7. Generate! Generate!
8. Say Demesne
9. Sun And Moon
10. The Crack Up
11. New Town Velocity
12. Word Starts Attack

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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