Gravado ao vivo, aquele disco de 1972 já anunciava isto tudo. Ali já estava o violino meio torto, como se fosse inspirado na aba dos chapéus dos malandros cariocas. Também estava ali a voz de modulações particulares, que desliza pela garganta como o arco sobre as cordas do mesmo violino. As letras rápidas de mensagens loucas, o clima lisérgico. Faltou apenas a presença fundamental do mestre Nelson Jacobina, parceiro fiel de tantas aventuras musicais.
Nas palavras do amigo Caetano Veloso, convidado para prefaciar Pra iluminar a cidade, Mautner não tem medo de parecer ridículo. Parece agressivo, mas quando se ouve uma música falando sobre a iminência de matar uma barata, passa-se a entender o baiano. Sem medo de nada, a música deste filho do Holocausto passeia por marchinhas carnavalescas, rocks lisérgicos, samba canções, bossas e literatura beat. Tudo com a personalidade exata que só os mestres podem conseguir.
https://www.youtube.com/watch?v=SuF3mGogu-I
Faixas de Pra iluminar a cidade:
1. Super mulher (Jorge Mautner)
2. Olhar bestial (Jorge Mautner)
3. Estrela da noite (Jorge Mautner)
4. Chuva princesa (Jorge Mautner)
5. Anjo infernal (Jorge Mautner)
6. Quero ser locomotiva (Jorge Mautner)
7. Sheridan square (Jorge Mautner)
8. From faraway (Caetano Veloso/ Jorge Mautner)
9. Sapo caruru (Folclore)
>> Anjo infernal (Jorge Mautner) por Carlus Campos