capa_cdParaibano de nascença, José Chagas chegou a São Luis aos 24 anos, trazendo na mão um caderninho de poesias. Antes disso dividiu a vida entre a lavoura da família e o ensino médio, concluído no Piauí. É justamente nesse período, em Teresina, que ele começa a escrever suas impressões do mundo. Dono de uma escrita simples e profunda, ele chega aos 90 anos no próximo 29 de outubro, já anunciando que se aposentou da poesia.

Desconfiando dessa decisão, Zeca Baleiro fez uma homenagem ao poeta no disco A palavra acesa de José Chagas. Lançado pelo selo Saravá Discos, do compositor maranhense, o tributo traz 14 poemas do paraibano musicados com a ajuda de 20 artistas, em grande parte, nordestinos. A baiana Márcia Castro dança contemporânea em A vida é ciranda, do livro Os canhões do silêncio (1979). O cearense Fagner e a portuguesa Susana Travassos unem histórias em Noturno N°2, do livro Canção da expectativa (1955). Sob um instrumental lisérgico, Chico César interpreta Sobrado, ao lado de Ednardo.

O próprio José Chagas aparece em três faixas recitando poemas. A Zeca Baleiro coube a interpretação de Palavra acesa, tirada do livro Os telhados, de 1963. A faixa é conhecida de quem viu a novela Renascer (1993), quando ganhou leitura do Quinteto Violado. Esse mesmo grupo também musicou A palafita, em 1978, para o disco Até a Amazônia. Em A palavra acesa de José Chagas, a faixa volta com o peso de baixo, guitarra e bateria, e as vozes de Lula Queiroga e Silvério Pessoa.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles