Depois de um disco produzido por David “Marroquino” Corcos e de elogios de gente como Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), a banda Selvagens à Procura de Lei voltou a Fortaleza e encontrou um volume grande de fãs. Esses compareceram em peso na Praça Almirante Saldanha, no Centro Dragão do Mar, na noite de sábado (3). O show, dentro da programação da Maloca Dragão, foi um dos mais esperados da noite e fez jus às expectativas.
Afiados e sentindo a energia que vinha do público, os Selvagens começaram a apresentação com Brasileiro, cuja letra de tom politizado foi acompanhada do início ao fim por quem estava ali. Adolescentes, jovens e adultos, boa parte deles usando blusas de bandas como Slayer, Legião Urbana e Guns N’ Roses, acompanharam a apresentação cantando junto, gritando e aplaudindo, fazendo da banda cearense o grande destaque da quarta noite da Maloca.
Quem também saiu satisfeito foi Arrigo Barnabé, que se apresentou no mesmo palco, antes dos Selvagens. Com suas dissonâncias e atonalidades, ele, que é uma das referências do movimento conhecido como Vanguarda Paulistana, apresentou o show Claras e crocodilo, baseado no trabalho antológico lançado em 1980. O som estranho e a performance do artista agradaram a plateia, que dava um jeito de dançar dentro dos andamentos meio tortos das músicas de Barnabé.
Como o anfiteatro revezava com o palco montado na Praça, um ponto negativo que marcou a noite do sábado foram os atrasos. Programada para as 21h no anfiteatro, a cantora Lorena Nunes esperou mais uma hora até que encerrasse a apresentação de Arrigo Barnabé. Cearense de coração, ela fez a estreia de Ouvi dizer que lá faz sol dentro da mostra especial do Porto Iracema das Artes. Com produção de Beto Villares, o show reuniu canções de jovens compositores cearenses, como Caio Castelo (que, na mesma hora, se apresentava na Tenda), Davi Serrano e Cláudio Mendes. Apesar do público pequeno, a cantora mostrou sua boa voz junto com um repertório cheio de groovies, climas e suingue.
A noite teve ainda mais um encontro temático da música cearense, dessa vez somente com artistas revelados nos anos 1990. Depois de noites homenageando Belchior, Rodger Rogério e os anos 1980, agora foi a vez de Isaac Cândido, David Duarte, Marcus Caffé, Paulo Façanha e outros, sob a batuta de Mimi Rocha, relembrarem sua geração. Todos foram bem recebidos pela plateia. Do outro lado do Dragão, no Palco Canto das Tribos, a turma do reggae compareceu em peso em um espaço animado por DJs.
Também foi o som do reggae que deu o ritmo da Praça Verde. Uma das atrações mais disputadas da Maloca, a paulistana Céu fez seu tributo a Bob Marley (1945 – 1981) cantando as canções do antológico Catch a fire. O disco que apresentou sucessos como Concrete jungle e Stir it up foi recriado na íntegra pela cantora, com sua já conhecida malemolência, ginga e sensualidade. Antes dela, quem cuidou do palco foi o cearense Andread Jó, um dos principais militantes do estilo jamaicano na Cidade. Juntos, eles atraíram uma multidão para a Praça que saiu do espaço de alma lavada, tanto pela chuva rápida que caiu quanto pelas boas energias que circulavam no ar.