O começo da década de 1970 marcou um novo período para o mercado fonográfico da música popular brasileira. Os discos de Gonzaguinha, Walter Franco, Elton Medeiros, Naná Vasconcelos, Novos Baianos eram lançados depois do sucesso que foram os grandes festivais dos anos 1960. Com esse mote, um livro organizado pelo jornalista carioca Célio Albuquerque será lançado hoje à noite no Porto Iracema das Artes, mostrando a versatilidade da produção naquele início de década. 1973 – o ano que reinventou a MPB (Sonora Editora) traz artigos que analisam as histórias por trás de 50 discos lançados naquele icônico ano.

Todos os artigos foram escritos por jornalistas de diversos estados do País, como os cearenses Mona Gadelha e Marcos Sampaio, repórter do O POVO, além do sambista Moacyr Luz. “Cada pessoa que escreve tem, acima de tudo, intimidade com o disco, com o artista e com o tema abordado”, conta Célio. No prefácio do livro, escrito pelo organizador, ele pontua que a compilação de artigos é, acima de tudo, “um trabalho de arqueologia”, onde são garimpados discos importantes para a construção da identidade e da história musical do Brasil.

O processo de escolha dos cinquenta discos foi debruçado sobre pesquisa e conversas entre Célio, Marcelo Fróes e os jornalistas convidados. “A princípio, fomos listando alguns álbuns que eram indispensáveis e chegamos a um número de, mais ou menos, 80”, conta. Mesmo com a relação de trabalhos, os convidados também sugeriram álbuns que têm relevância histórica no mercado fonográfico e no cenário da música brasileira. Listas são, naturalmente, excludentes e, portanto, nessa peneira alguns discos ficaram de fora, como o Dor de Cotovelo, de Lupiscínio Rodrigues. “Foi difícil de encontrar alguém que escrevesse sobre ele. Até porque também é difícil de encontrar o disco, que a gente ouve falar, mas não vê”.

Fertilidade musical
Os festivais na década de 1960 marcaram uma geração histórica da MPB, lançando músicos como Chico Buarque, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Nara Leão, Edu Lobo e Elis Regina. Célio Albuquerque lembra que o modelo dos programas televisivos era mais popular que as novelas exibidas à época, mas, em 1972, os festivais já mostravam cansaço e fragilidades.

Nesse contexto, 1973 foi um ano de fertilidade para a MPB, quando músicos tiveram ideias vanguardistas que até hoje influenciam gerações. “A MPB começa a crescer em vários segmentos, com o intuito principal de produzir música de qualidade, de experimentar”, pontua o organizador do livro. Célio faz um paralelo com o que ocorre hoje e considera que os talentos da música brasileira continuam se reinventando por novidades, sem esquecer o passado musical tão presente no País.

SERVIÇO
Lançamento de 1973 – o ano que reinventou a MPB
Quando: hoje, às 19 horas
Onde: Porto Iracema das Artes (R. Dragão do Mar, 160 – Praia de Iracema)
Entrada franca.
Telefone: 3226 0644

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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