Januei_Divulgacao_20140705_03
Duas boas apresentações acontecem esta noite, às 21h, no Mambembe – Comida e outras artes. A primeira é do Mocker Studio, novo “empreendimento musical” (uau!) de Fortaleza. Com apenas sete meses de funcionamento, a ideia é reunir som, filme, foto, design e comunicação para projetos independentes num só lugar. No comando do Mocker estão a jornalista Alinne Rodrigues e o publicitário Igor Miná, ambos músicos com trabalhos que chegam aos EUA e Canadá.

Já a segunda apresentação desta noite é da banda Januei. Formada por Augusto Viana (guitarra e baixo), Caio Viana (huitarra, sintetizador e voz), George Alexandre (voz), João Luiz (baixo, guitarra e voz) e Nyelsen Bruno (bateria), a banda prefere se simplificar como rock, mas ressalta que acrascenta elementos regionais. Até aí nada demais.

cartazO pulo do gato do Januei está no além dessa história. O EP O fruto do pé, com cinco faixas, traz outros sons que, afastados do rock e do regional, falam mais sobre a banda. Tanto que a faixa de abertura, Solidão (já com clip), um carimbó arretado, é a mais simplória do trabalho. Simplória na ideia, uma vez que o carimbó anda em alta nos últimos anos. A animação está garantida com Solidão, é fato, mas o caldo engrossa mais na funkeada Fogo no beco. Com ares oitentistas, de Brylho, Cláudio Zoli e Barão Vermelho, a faixa leva uma boa dose de guitarras, hora solando, hora riffando, hora pesando.

Dance rock com cara de balada, Temporal tropical lembra os primeiros anos do Jota Quest e isso é um elogio (sim, o JQ já foi bom). A letra faz homenagem a Fernando Catatau e aconselha: “Quando estiver caindo, que se lembre de cantar para que, sobre o abismo, você possa flutuar”. Boa canção, boa interpretação, boa letra com pouco sentido (quem se importa?!).

Fez o que fez também requenta um ideia batida, que é brincar com o brega usando o sotaque indie. É bacana, mas tem cara de deja vú. Como a banda mostra entrosamento, sem perder o jeito de quem se diverte tocando, a faixa ganha robustez. O mesmo acontece em Beleza, que cheira a samba, mas é rock. É rock para abraçar o público.

A mais completa ausência de  baladas em O fruto do pé é um ótimo sinal. Mostra que eles não estão atirando pra qualquer lado. E, para um trabalho inicial de uma banda com menos de um ano de vida, é corajoso. Há espaço para o Januei crescer, arredondar seu som, buscar mais conexões. Que venha o disco completo.

 

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles