61CkrvbFPHL._SL1500_Três estrelas do rock internacional, cada uma com sua grandeza, lançaram trabalhos entre o final de 2014 e o início de 2015. A primeira delas é de fato uma lenda, o Pink Floyd. O anúncio do lançamento de The endless river (Sony/ BMG) foi anunciado como um grande achado arqueológico capaz de mudar a história da humanidade. Pura balela. Reunião de sobras deixadas após o encerramento daquele que foi, de fato, o último trabalho do quarteto inglês, The division bell (1994), este réquiem insosso só virou notícia por que envolve uma das maiores bandas da história. Começa que quase tudo é um instrumental rançoso e plastificado. Passa quilômetros dos trabalhos mais fracos feitos quando o quarteto ainda estava junto. É, o quarteto não está junto aqui, apenas David Gilmour e Nick Mason. Rick Wright, falecido em 2008, comparece em espírito através de gravações guardadas e é a ele que The endless river é dedicado. Mas, sim, o disco vale pelo belíssimo trabalho gráfico da edição nacional (imagine a importada). Também é verdade que qualquer trabalho lançado pelo Pink Floyd merece ser analisado com respeito e devidamente contextualizado. No caso deste, vale para os fãs mais ardorosos, pela curiosidade e por envolver alguns dos nomes mais poderosos da história do rock.

Outra baliza roqueira que chegou às lojas com disco novo foi o U2. Perdidos naquele bom mocismo de Bono Vox, Songs of innocence (Universal) empalidece ao longo de 16 faixas que pendem entre a vontade de soar agressivo e a necessidade de parecer moderno. Em muito momentos, parece que o quarteto, que adora dizer que é a maior banda de rock da atualidade (como se isso quisesse dizer alguma coisa), quer soar como jovens que surgiram décadas depois deles. The Edge continua requentando os mesmos timbres de guitarra, como se, de um deles, pudessem, milagrosamente, sair um novo With or without you ou um I will follow. O fato é que o tempo passou e na necessidade de ser o maior, o U2 perdeu a mão da fazer somente boas canções. Aquelas que ficam marcadas como um hinário. Mais uma vez, o projeto gráfico salva o disco que traz uma foto provocante e poética do baterista Larry Mullen Jr. abraçando seu filho.

Por fim, para salvar essa lista de enganos, o AC/DC chegou com seu 16º álbum. Sim, Rock or bust (Sony/ BMG) é bom, não mais do que isso, e deve empolgar muita gente. A mim, inclusive. E isso só acontece por que os australianos se limitaram a fazer o que sabem de melhor, rock cru recheados de riffs furiosos. Angus Young continua uma usina de riffs ganchudos. A opção de não inventar muito, faz de Rock or bust mais um entre tantos discos do AC/DC, o que, para os fãs com mais estrada, está ótimo. No caso destes rapazes que ainda seguram a pecha de meninos maus, menos é mais. E, por isso, eles venceram a parada com as lendas acima. Menos firula e mais rock.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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