Eva-47Em 1969, uma voz doce ecoou pelo Brasil cantando em homenagem a uma Luciana que nasceu na paz de um beija-flor. Essa voz pertencia a Eva Correia José Maria, uma carioca de apenas 17 anos que ganharia naquele ano o primeiro lugar no 4° Festival Internacional da Canção. Com um canto sem excessos, que se inseria uma então nascente cena black nacional, ela tornou-se uma estrela naquele momento e cruzaria os anos 1970 lançando sucessos como Teletema, Casaco Marrom e Que Bandeira.

Irmã dos Golden Boys e então integrante do Trio Esperança, Evinha se despediu do Brasil com a carreira no auge, quando foi convidada para integrar a banda Paul Mauriat, onde conheceu o pianista Gérard Gambus, com quem casou e fixou residência em Paris. Desde então, a carreira da intérprete tornou-se internacional, com breves passagens pelo Brasil. Uma retomada para a terra natal está sendo ensaiada agora, com o lançamento de um projeto de voz e piano, dividido com o marido, para o selo Des Arts.

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O disco Uma voz, Um piano, que chega 17 anos depois do revisionista Reencontro, nasceu bem por acaso. “Em 2015, fiz uma série de shows em São Paulo, em que quatro músicos me acompanhavam. Na metade do show, tinha um momento de romantismo, onde interpretei duas canções acompanhada somente por um piano. A reação do público fez com que o produtor dos shows Thiago Marques Luiz sugerisse fazer um álbum inteiro dessa forma”, lembra a artista, hoje com 64 anos.

Acompanhada do marido Gérard, Evinha vai apresentar 14 músicas ao piano, entre elas inéditas de Ivan Lins, Dalto, Fernando Brant, Antônio Adolfo, Tibério Gaspar, Abel Silva, Eduardo Gudin, Renato Corrêa, Guarabyra e Carlos Colla. Para alguém que fez história gravando com grandes arranjadores e orquestras, a experiência de show intimista tem sido totalmente inédita. “O fato de cantar desde criança, faz com que os desafios sejam maiores a cada disco. Uma voz acompanhada de um só instrumento exige mais técnica, tanto do cantor quanto do músico, e a adrenalina está presente a cada instante da gravação”, adianta.

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O projeto Uma voz, Um piano chega com duas missões: uma é de resgatar a carreira solo de Evinha, outra de reaproximá-la do público brasileiro. Acompanhada das irmãs Mariza e Regina, ela vem lançando desde o início da década de 1990 discos com a nova formação do Trio Esperança. “Minhas irmãs vinham sempre me visitar na França, onde moro há mais de 35 anos. Um dia nos juntamos para uma apresentação numa boate brasileira em Paris, e o que era brincadeira, tornou-se realidade. Por acaso um produtor de uma gravadora passava por lá, nos viu e ouviu, gostou, nos contratou”, lembra.

Mesmo morando fora do Brasil, Evinha manteve uma agenda de pequenos shows e até lançou o projeto comemorativo Gold Herança (2009) com os irmãos do Trio Esperança e dos Golden Boys. Alguns discos solo foram relançados em CD, mas também já se tornaram raridade nesse formato. Ela adianta que já existe um projeto para relançar sua obra completa em formato digital, mas ainda sem prazo. No entanto, ela tem um projeto maior que virá acompanhado do novo disco de voz e piano: “Cantar e cantar e cantar… Pelo Brasil e pelo mundo afora”.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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