caio-maloca_por-eden-barbosa-290Quando era pequeno, Caio Castelo ouviu em algum lugar um trecho de uma canção que dizia “eu preparo uma canção em que minha mãe se reconheça, todas as mães se reconheçam e que fale como dois olhos”. Essa ideia de olhos que falam como canção impressionou o futuro compositor cearense e o inspirou a batizar o segundo disco, Dois Olhos, lançado em abril deste ano. Esse trabalho hoje ganha novo fôlego e amplia seu potencial no show Mil Olhos.

capa-caio-castelo-dois-olhosApresentado em única noite no Mambembe, a partir das 22 horas, Mil Olhos traz Caio Castelo acompanhado da mesma banda que dividiu o disco: Carlos Hardy (baixo e voz), Fernando Lélis (saxofone, flauta e sintetizadores), Renan Ramos (trompete e flugelhorn), Igor Ribeiro (bateria) e Ayrton Pessoa (piano e sintetizadores). Para reforçar esse time, a apresentação conta com as participações de Lorena Nunes, Danilo Guilherme, Danilo Sampaio e Berg Menezes.

Sem nenhuma grande pretensão, a proposta de Mil Olhos é reunir uma turma de novos e velhos amigos de música para tirar um som. “Tem desde uma galera com quem já toco há um tempão, como a Lorena Nunes, até gente com quem nunca toquei. Já o Danilo Sampaio está estreando nos palcos”, elenca Caio que preparou um longo repertório que mistura canções dos seus dois discos, inéditas, composições dos convidados e o que mais der vontade. O show tem uma proposta semelhante à Crowdfesta que ele o compositor montou para fortificar campanha de financiamento coletivo que resultou em Dois Olhos. “Só que a Crowdfesta era mais informal, sem ensaio. Nesse (show), estamos pegando todas as músicas e dando um uma unidade, novos arranjos”, adianta.

Revelado nos primeiros anos desta década, Caio Castelo apresentou suas primeiras canções no coletivo Comparsas da Vivenda, que contava, entre outros nomes, como Lorena Nunes e Carlos Hardy. O primeiro trabalho solo foi Tilt Invisível, de 2012, que foi seguido por Silêncio em Movimento, no ano seguinte. O primeiro é um disco instrumental com ruídos, enquanto o segundo apresenta o letrista e cantor Caio Castelo. Com um estofo a mais, Dois Olhos contou com a produção do premiado Alê Siqueira (Elza Soares, Arnaldo Antunes) e veio depois da participação do cearense no Laboratório de Música do Porto Iracema. “O Alê agora é o consultor das coisas que eu faço. Tudo que invento, peço opinião a ele”, celebra Caio que aproveitou a experiência com o paulistano para também investir e desenvolver o lado produtor.

Para Caio Castelo, o show desta noite é uma forma de reforçar uma cena vem crescendo em número e qualidade, mas ainda precisa driblar muitas dificuldades. “Tem cada vez mais trabalhos surgindo, e trabalhos bons. Só que a gente está vivendo um momento complicado com festivais importantes deixando de acontecer. Em contrapartida, a galera vai encontrando formas de realizar e a cena local acaba recebendo uma demanda muito grande”, analisa o músico que aponta um público cada vez mais curioso por conhecer os sons da Cidade, que ainda oferece poucos espaços em casa de shows e rádios. “Não consigo entender por que as rádios não dialogam com a Cidade. Pode até ser ingenuidade minha, mas você liga e está tocando outras coisas. Tem algo muito estranho aí que deixa as coisas sem continuidade”, aponta o compositor que aposta no esforço coletivo como um caminho manter acesa a cena autoral de Fortaleza.

Serviço:
Caio Castelo – Mil Olhos
Quando: hoje, 2, às 22 horas
Onde: Mambembe (Rua dos Tabajaras, 368 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 10 (inteira)
Telefone: 3048 6060

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About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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