A voz e a genialidade de Milton Nascimento, o Bituca, são incontestáveis. Com um timbre suave e forte, o carioca – de alma mineira – é um dos compositores brasileiros mais gravados e respeitados das últimas décadas. Em mais de meio século, ele cantou um Brasil de forma única. E é nesse Brasil que os diretores Charles Möeller e Claudio Botelho se inspiraram para montar o musical Milton Nascimento – Nada Será como Antes. O espetáculo, que chega a Fortaleza neste sábado, 5, é uma merecida homenagem aos mais de 50 anos de carreira do cantor e compositor. A apresentação ocorre no Aterrinho da Praia de Iracema, a partir das 19h, e é aberta ao público.
“A concepção do espetáculo foi coletiva. Uma coisa meio Clube da Esquina”, comenta o diretor teatral e ator do musical Jules Vandystadt, por whatsapp, em entrevista ao DISCOGRAFIA. A referência vem do movimento musical brasileiro – surgido na década de 1960, em Minas Gerais – onde Milton Nascimento e os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô) começaram a fundir Bossa Nova, jazz, rock e a música folclórica local, e acabaram se tornando nomes consagrados da MPB. “A ideia era uma vontade antiga do Möeller e do Botelho. Eles são grandes fãs do Milton”, completa Jules.
Milton Nascimento – Nada Será como Antes ganhou vida em 2012, ano em que Milton celebrou 50 anos de carreira e 70 de vida. O espetáculo é um apanhado não biográfico do cantor. A história se passa em uma casa no interior de Minas. Não há falas, nem diálogos. Dividido em quatro partes, o roteiro é pautado nas canções, e segue o mesmo estilo do Clube da Esquina: amigos que se reúnem para compor, ouvir e tocar. Ao todo, treze artistas, entre atores e músicos, interpretam um vasto repertório de Milton separado em quatro estações do ano.
“O musical foi dividido assim por conta do teor das canções”, explica Jules. “A primavera é onde a canção nasce. O verão fala de amor e das relações humanas, outono traz o cunho político e forte. E o inverno fala sobre morte e recomeço”, complementa. Entre as músicas escolhidas estão Um Girassol da Cor do seu Cabelo, Nuvem Cigana, Cais, A Cigarra e Nada Será Como Antes. Pelo menos 25 instrumentos são usados durante pouco mais de uma hora de apresentação.
Outro detalhe que deve ser observado é o cenário. Assinado por Rogério Falcão – nome conhecido no meio – a ambientação da montagem é uma casa mineira. “Uma coisa bem o interior que Milton canta”, frisa Jules. Já o figurino foi concebido pelo próprio Charles Möeller e busca algo moderno que remeta ao antigo. “É hipster”, define Jules.
Por onde passou, Milton Nascimento – Nada Será como Antes agradou e emocionou. Com uma rápida pesquisa na internet é possível encontrar belas críticas sobre o espetáculo. Fortaleza é a primeira capital nordestina a receber a nova turnê. A montagem já esteve em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Goiânia, Belo Horizonte, Outo Preto, Uberlândia e Juiz de Fora. Além da Capital, Recife e Salvador também vão receber o musical. As apresentações da atual turnê – patrocinada pela Rede – serão em espaços abertos e com acesso gratuito.
Pelo o que foi visto em vídeo, lido e conversado, a obra parecer ser uma pedida para o sábado a noite. Por aqui, a ansiedade e a curiosidade estão me consumindo. Espero conseguir assistir. E conto por aqui depois.
SERVIÇO
MILTON NASCIMENTO – NADA SERÁ COMO ANTES – O MUSICAL
Quando: 5 de agosto, sábado, às 19 h
Onde: Aterrinho da Praia de Iracema – Avenida Beira Mar s/n, Praia de Iracema.
ENTRADA GRATUITA
Outras informações na página oficial do evento: clique aqui
ELENCO/MÚSICOS:
Alessandra Verney, Bruno Tessele, Gabi Porto, Ivanna Domenyco, Jules Vandystadt, Lui Coimbra, Malu Rodrigues, Pedro Aune, Pedro Sol, Rodrigo Cirne, Sérgio Dalcin, Tony Lucchesi e Whatson Cardozo.